(ilustração: Charles Demuth)
O planeta de
Aldebarã-5 tem uma civilização influenciada pelos colonizadores
terrestres. Seu vocabulário exprime as
características da natureza do planeta e o seu modo de observar os fenômenos da
psicologia e da cultura. Confiram os
verbetes abaixo, recolhidos, meio ao acaso, do Pequeno Dicionário
Interplanetário de Bolso.
“Karyang”: reunião de amigos para relembrar fatos ocorridos
muito tempo atrás. “Vuvitos”: xícaras para café ou chá, cujo fundo se eleva à
medida que há menos líquido nela. “Arnantrim”: a disposição peculiar dos vasos
de plantas numa casa, nas áreas que em alguma hora do dia ou época do ano
estarão sendo banhadas pelo sol. “Dalhassa”: escudo quadrado de combate,
imantado, capaz de capturar armas inimigas.
“Satonima”: pequena sanfona com poucas teclas, que só
consegue tocar meia dúzia de músicas, conhecidas por todos. “Balâmias”: cantigas
saudosas onde cada improvisador principia dizendo o nome de sua terra natal e
depois tentando encaixar versos com o maior número possível de rimas para ele.
“Triamondes”: uma complexa hierarquia de favores mutuamente devidos, que em
algumas aldeias chega a ter mais importância do que os laços de parentesco.
“Luhrvins”: sucos de frutas, de cores e densidades
diferentes, que são misturados nas jarras e nos copos, visando efeitos
cromáticos. “Andigoom”: o uso de bandeiras com símbolos coloridos, hasteadas junto
à porteira de entradas das fazendas, para passar recados aos vizinhos. “Gundrillans”:
espécie de besouros de carapaça colorida que se movem muito lentamente e são colocados
nas paredes para formar desenhos ornamentais que se modificam aos poucos.
“Gampras”: movimentos de dança tradicionais, complexos, que
em festas familiares cada dançarino tem que executar no centro de uma roda,
acompanhando qualquer música tocada. “Klidudu”: estilo de decoração caseira
envolvendo objetos aleatórios arrumados em volta de uma lâmpada que, quando
acesa, projeta na parede formas ou palavras feitas das sombras. “Viniloy”:
servidores públicos presentes em cada bairro para dirimir questões legais entre
as pessoas, através de hipnose coletiva.
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