Estive nesta semana em Campina Grande, participando do XII Seminário Os festejos juninos no contexto da folkcomunicação e da cultura popular, promovido pelo Grupo de Pesquisas Comunicação, Cultura e Desenvolvimento, do Departamento de Comunicação Social do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da UEPB (Universidade Estadual da Paraíba). Convidado pelo prof. Luís Custódio, meu eterno presidente do Cineclube de Campina Grande, participei da mesa “Cinema brasileiro e manifestações da cultura popular”, juntamente com os professores Rômulo Azevedo (UEPB), Gilvan de Melo Santos (UEPB), João Batista de Brito (UFPB), João Carlos Beltrão (IFPB/ABD-PB), Luís Antonio Mousinho (UFPB) e Sebastião Guilherme Albano da Costa (UFRN).
Minha comunicação se fez em torno de três exemplos da
dificuldade de relacionamento entre cinema/TV e cultura popular. Exemplo um: um
cineasta viajou ao Alasca para registrar um ritual de uma tribo esquimó, e o
tal ritual consistia num xamã cantando uma litania e batendo com uma matraca na
perna, durante 8 horas seguidas. “O que devia fazer a equipe?”, perguntava o
cineasta. “Filmar e reproduzir as oito horas completas? Filmar apenas uns
quinze minutos e explicar à plateia: ‘É isso, durante oito horas’?”
Exemplo dois: uma equipe de TV brasileira viaja para
filmar uma romaria religiosa num interior remoto. Por um erro de comunicação a
equipe pensou que a romaria aconteceria num dia X, mas ficou sabendo que seria
de fato no dia seguinte, quando já estavam com as passagens de volta compradas.
Depois de muita negociação, foi possível convencer as pessoas locais a fazerem
uma “romaria fake” no dia mais conveniente para a equipe. Que valor tem esse
registro? Que respeito a comunidade local ficará tendo pela TV, depois de
constatar na carne o grau de “mentira” do que aparece na tela? Que respeito terá por si mesma, por ter
colaborado com a mentira alheia?
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