segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

1686) “Idiocracia” (7.8.2008)




Este é o título de um filme divertido e aterrorizante que já vi duas vezes na TV a cabo, e que de ambas as vezes me tirou o sono.

É uma comédia satírica de FC sobre o que será o mundo no ano 2500. Um casal é colocado para testar uma câmara de hibernação, na qual deverão passar um ano adormecidos, para ver se quando reanimados estarão OK. Acontece um acidente e eles são esquecidos ali por 500 anos.

Quando despertam, os EUA estão transformados numa idiocracia, um país totalmente povoado por pessoas burras, que só sabem ver TV, empanturrar-se de “fast food”, fazer sexo, vestir camisas com logotipos de dezenas de empresas, fumar maconha, e brigar interminavelmente entre si por motivos que nem eles mesmos entendem.

O filme de Mike Judge (o criador de Beavis & Butt-Head) mostra um país em que a rede de cafés Starbucks se fundiu a uma rede de prostituição, e oferece vários tipos de “café completo”. A comédia de maior sucesso na TV é “Ow! My Balls!” e consiste numa infindável montagem de cenas em que os personagens levam pancadas nos testículos. O filme ganhador do Oscar tem duas horas com imagens de nádegas, e nada mais (uma alfinetada nada discreta em John Lennon e Yoko Ono).

Os computadores fazem tudo, e as pessoas são incapazes de entender o que eles fazem. Todo cidadão tem um código de barras tatuado no pulso; a vigilância por câmeras é constante; mas nada funciona, porque o nível de estupidez é colossal. Se o leitor já viu filmes como Debi & Lóide, sabe do que estou falando.

Joe, o protagonista, interpretado por Luke Wilson, descobre para seu próprio horror que é agora O Homem Mais Inteligente do Mundo, e é convocado à Casa Branca, onde o Presidente dos EUA o nomeia secretário do interior, com a missão de resolver em uma semana todos os problemas do país, principalmente a escassez de colheitas. (Não é tão difícil assim – ele logo descobre que todas as plantações dos EUA estão sendo irrigadas com Gatorade, que o Governo compra a peso de ouro.)

O presidente, em 2500, é um Mike Tyson de 2 metros de altura, vestindo colante colorido, ex-lutador profissional e ex-astro pornô. Discursa na Câmara dos Deputados cantando rap, e quando os deputados fazem muito barulho ele pega a metralhadora e atira para o alto até que eles se calem.

Não posso enumerar aqui as centenas de piadas cruéis que se sucedem em uma hora e meia de filme. Cruéis pelo seu realismo. O filme de Mike Judge nos produz a mesma impressão que uma pessoa culta de 1900 (Machado de Assis, Sílvio Romero...) talvez experimentasse, se pudesse passar uma semana andando pelas nossas ruas, assistindo nossa TV, compartilhando nossos hábitos, acompanhando nossa política, alimentando-se com nossa comida.

Talvez eu esteja numa veia niilista, mas acho que o mundo do futuro vai ser exatamente o que Idiocracy prevê. Preciso de uma injeção de pensamento positivo, acho que vou ver um DVD de Bergman ou de Antonioni.






Um comentário:

Anônimo disse...

Este filme é a comédia mais engraçada, e ao mesmo tempo assustadora que já assisti.
Aldous Huxley, autor de Admirável Mundo Novo, previu a queda no nível de inteligência humana. Ele morreu em 1963!
Funk, TV lixo, Tiririca deputado federal, etc. Nós encontramos os imbecis do filme hoje mesmo. Não serão necessários 500 anos. O homem involuindo, tornando-se um animal.