Há pessoas que vêem na mais banal coincidência um sinal do Destino, uma mensagem mística para dizer-lhes que Alguém, num plano portentoso e sobrenatural, está velando por elas.
Não precisa ser uma revolução total em suas vidas, como encontrar na calçada um bilhete premiado de Loteria. Bastam pequenos sinais.
A costureirinha está sacolejando no ônibus, rumo ao trabalho. Fecha os olhos e lembra do namorado. Pensa: “Meu Deus! Será que ele gosta mesmo de mim? Me dê um sinal!...” Abre os olhos e vê pendurado na banca de revistas um DVD intitulado “Amor Sincero”. E considera isto uma resposta divina.
A jornalista Leonor Amarante me relatou um fato que foi direto para minha coleção de coincidências.
Ela estava em Natal, organizando uma exposição de artes plásticas, sua área de atuação. Conheceu um artista chamado Guaracy Gabriel, os dois trocaram telefones e ficaram de se ligar. Dias depois, no hotel em que estava, ela ligou para o número do artista. Acontece que ela tinha anotado erradamente o número, como percebeu depois; tinha trocado um ou outro algarismo.
A ligação foi atendida e ela perguntou: “É da residência (ou do ateliê) de Guaracy Gabriel?”
O sujeito que atendeu disse: “Não senhora, isto aqui é um orelhão, na rua tal”.
Ela disse: “Eu estou ligando para esse número porque quem me deu foi essa pessoa, dizendo que era o da casa dele”.
O cara do outro lado disse: “Não, é um telefone público, mas... a senhora disse que estava ligando para Guaracy Gabriel, o artista?”
“Sim, para ele mesmo”
“Um momento... Ei! Guaracy! Telefone pra você!”
Ou seja, a ligação errada caiu num telefone público, foi atendida por alguém que conhecia a pessoa para quem ela estava ligando, e ainda por cima o destinatário da ligação estava passando por acaso justamente ali, naquele momento!
Calculadoras em punho, amigos: quais são as chances matemáticas de uma coisa assim acontecer? Minha vontade é traduzir esta história para o inglês e remetê-la para Alan Vaughan, autor do interessante livro Incredible Coincidence, repleto de ocorrências tão estranhas quanto esta, e até mais.
O caso de Leonor se parece com outro que achei na Internet. Em 1953 o jornalista Irv Kupcinet foi fazer uma reportagem em Londres. No quarto do Hotel Savoy, onde se hospedou, encontrou alguns objetos pessoais esquecidos por outro hóspede. Examinando-os, descobriu que seu dono era Harry Hannin, um jogador de basquete que fazia parte da famosa equipe dos Harlem Globetrotters, os quais viajavam pelo mundo inteiro fazendo jogos-exibições.
Kupcinet, que conhecia Hannin pessoalmente, guardou os objetos para devolvê-los quando encontrasse o amigo.
Dois dias depois, recebeu uma carta de Hannin. Ele dizia que tinha se hospedado no Hotel Meurice, em Paris, e no quarto em que ficou lá tinha encontrado uma gravata com o nome de Kupcinet bordado – que o próprio havia esquecido ali, antes de ir para Londres. Se não é verdadeiro, é bem inventado.
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