Forró", gravura de Paulo Brabo,
http://www.baciadasalmas.com/
Será que o forró vai se acabar? Acho que a única resposta para isto é a fórmula zen de Mestre Fuba: “Penso que sim, mas acho que não”. É cedo para dizer. Têm surgido cantores e compositores que enriquecem a música cultivada por Jackson do Pandeiro, Dominguinhos, Marinês, Luiz Gonzaga. Tenho aqui do lado, sobre a mesa, CDs que trouxe de minhas recentes viagens ao Nordeste: instrumentistas como Edmilson do Pífano e Silveirinha lançando seus primeiros discos, cantores como Santana e Maciel Melo reafirmando trabalhos anteriores. Por falta de talentos é que não vai ser.
Por outro lado, toda vez que eu boto o pé no Nordeste a primeira coisa que faço é ficar olhando os out-doors que anunciam os shows juninos. Aí começa a praga. É Banda Isso, Banda Aquilo... Quando alguém chama um grupo musical de “banda” você pode apostar sua carteira, com documentos e tudo, como aquilo não tem nada a ver com forró. A programação junina do Nordeste virou uma espécie de Praça da Apoteose da axé-music e dos sertanejos paulistas. Se um turista vier ao Nordeste neste período do ano, vai voltar para a Escandinávia dizendo que os maiores ídolos do forró nordestino são Leonardo e a dupla Zezé de Camargo & Luciano.
Vejam bem: não sou inimigo desse pessoal. São meus colegas. São cantores e compositores profissionais, que ganham a vida honestamente. Não gosto da música que eles fazem, mas gosto é gosto. Minha crítica não tem a ver com qualidade, e sim com adequação ao período junino. Por mim eles poderiam cantar na Paraíba todo mês, de janeiro a maio, e de julho a dezembro. Por que não? Têm seus fãs, têm seu público, que é numeroso e tem todo o direito de se divertir cantando as canções com que se identifica. Por mim tudo bem. Mas a presença desses artistas numa programação junina é um erro. Não é um erro deles, porque seu trabalho é oferecer seus shows a quem quiser contratá-los. O erro é de quem os contrata. É o mesmo que promover um baile de carnaval e contratar a Filarmônica de Berlim para tocar Beethoven.
Sou contra a presença dessas Banda Não Sei O Quê no São João como seria contra a presença de artistas que admiro: Milton Nascimento, Chico Buarque, João Gilberto. Não têm nada a ver com forró, então o que diabo iriam fazer numa programação junina? Se Bob Dylan fosse escalado para cantar no Parque do Povo em junho, eu diria: “Sou contra. Pra cantar no São João, eu prefiro Flávio José.”
O mês de junho deveria ser, em todo o Nordeste, uma reserva de mercado para a música regional. Nisto não entra nenhum chauvinismo, nenhuma xenofobia: que se usem os outros onze meses do ano para mostrar de tudo, de rock americano a vocalistas búlgaros, de sertanejos paulistas a reggae da Jamaica. Mas não custa nada reservar o mês de junho para lembrar aos nordestinos o que eles são de verdade, por baixo das roupas de butique, dos modismos de TV e das gírias de shopping center.
Será que o forró vai se acabar? Acho que a única resposta para isto é a fórmula zen de Mestre Fuba: “Penso que sim, mas acho que não”. É cedo para dizer. Têm surgido cantores e compositores que enriquecem a música cultivada por Jackson do Pandeiro, Dominguinhos, Marinês, Luiz Gonzaga. Tenho aqui do lado, sobre a mesa, CDs que trouxe de minhas recentes viagens ao Nordeste: instrumentistas como Edmilson do Pífano e Silveirinha lançando seus primeiros discos, cantores como Santana e Maciel Melo reafirmando trabalhos anteriores. Por falta de talentos é que não vai ser.
Por outro lado, toda vez que eu boto o pé no Nordeste a primeira coisa que faço é ficar olhando os out-doors que anunciam os shows juninos. Aí começa a praga. É Banda Isso, Banda Aquilo... Quando alguém chama um grupo musical de “banda” você pode apostar sua carteira, com documentos e tudo, como aquilo não tem nada a ver com forró. A programação junina do Nordeste virou uma espécie de Praça da Apoteose da axé-music e dos sertanejos paulistas. Se um turista vier ao Nordeste neste período do ano, vai voltar para a Escandinávia dizendo que os maiores ídolos do forró nordestino são Leonardo e a dupla Zezé de Camargo & Luciano.
Vejam bem: não sou inimigo desse pessoal. São meus colegas. São cantores e compositores profissionais, que ganham a vida honestamente. Não gosto da música que eles fazem, mas gosto é gosto. Minha crítica não tem a ver com qualidade, e sim com adequação ao período junino. Por mim eles poderiam cantar na Paraíba todo mês, de janeiro a maio, e de julho a dezembro. Por que não? Têm seus fãs, têm seu público, que é numeroso e tem todo o direito de se divertir cantando as canções com que se identifica. Por mim tudo bem. Mas a presença desses artistas numa programação junina é um erro. Não é um erro deles, porque seu trabalho é oferecer seus shows a quem quiser contratá-los. O erro é de quem os contrata. É o mesmo que promover um baile de carnaval e contratar a Filarmônica de Berlim para tocar Beethoven.
Sou contra a presença dessas Banda Não Sei O Quê no São João como seria contra a presença de artistas que admiro: Milton Nascimento, Chico Buarque, João Gilberto. Não têm nada a ver com forró, então o que diabo iriam fazer numa programação junina? Se Bob Dylan fosse escalado para cantar no Parque do Povo em junho, eu diria: “Sou contra. Pra cantar no São João, eu prefiro Flávio José.”
O mês de junho deveria ser, em todo o Nordeste, uma reserva de mercado para a música regional. Nisto não entra nenhum chauvinismo, nenhuma xenofobia: que se usem os outros onze meses do ano para mostrar de tudo, de rock americano a vocalistas búlgaros, de sertanejos paulistas a reggae da Jamaica. Mas não custa nada reservar o mês de junho para lembrar aos nordestinos o que eles são de verdade, por baixo das roupas de butique, dos modismos de TV e das gírias de shopping center.
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