O Estúdio 5 de
Cinecittà é um enorme caixote de cimento pintado de bege. Uma caixa de sapatos
com um pé direito altíssimo e paredes totalmente lisas. O motoqueiro pára junto
à calçada, eu desço, devolvo o capacete que usei.
Caminho na direção
da entrada, pensando que daqui a dez mil anos este estúdio estará sendo
desenterrado. Arqueólogos da humanidade futura tentarão encontrar algum sentido
na profusão de artefatos primitivos que encontrará lá dentro: dragões, sofás, cavalos
de madeira, bebedouros, barcos, câmeras, holofotes, espadas, animais mecânicos,
camarins, esqueletos, castelos inacabados.
Uma assistente me
faz entrar. Eu a acompanho na escuridão por entre tapadeiras enormes, e sinto
que do outro lado delas há uma equipe; ouço gritos, ordens, barulho de
equipamento sendo transportado. Chegamos a uma parede de compensado, ela abre a
porta. Lá dentro, num recinto espaçoso e bem iluminado, há duas poltronas tendo
entre si uma mesinha com água mineral e copos. Numa das poltronas, Federico
está sentado, folheando um documento de muitas páginas. O ar condicionado é forte;
ele traja camisa escura, calças de flanela, um casaco, um cachecol. Larga os
papéis, ergue-se apoiando-se nos braços da poltrona, e me aperta as mãos com
simpatia. Sentamos, e a assistente sai, fechando a porta atrás de si.
-oOo-
BT – Muito grato por me receber, ainda mais quando está
em pleno trabalho, iniciando a filmagem de um novo projeto.
FF – Não se preocupe. Nesta
fase inicial quem menos trabalha sou eu. Os marceneiros estão pondo de pé uma
estação de trem, que não sei ainda como vou usar. Ou melhor: tenho uma cena
pronta na cabeça, a chegada de um personagem, de madrugada, a uma cidade
desconhecida. Não sei ao certo o que vai lhe ocorrer, mas ele desce para tomar
um café ou comprar um jornal, distrai-se, e o trem parte sem ele.
BT – E depois?
FF – Depois... não sei. Enquanto
estiver filmando isto, mandarei construir um hospício. Talvez ele se lembre de
que seu pai está internado ali e resolva fazer-lhe uma visita. Alguns dos meus
filmes nascem assim, de pequenos episódios que vão se juntando. O importante é
ter as idéias com um mínimo de antecipação, para que os técnicos possam
trabalhar: marceneiros, figurinistas...
BT – Ao longo de sua carreira, seus enredos foram se
tornando mais episódicos, menos articulados, e talvez menos previsíveis.
FF – Sim. Penso que fui mais
literário na primeira metade de minha carreira, preocupava-me muito com a
história, a verossimilhança dos pequenos acontecimentos, a verdade emocional
dos personagens... Isto vinha na frente. Depois creio que fui me afastando da
literatura e me aproximando da pintura, ou das histórias em quadrinhos, e descobri
o prazer de contar muitos episódios curtos, sucessivos, mas sem a obrigação de
obedecer a um arco mais amplo. Não faço isto por deliberação, é espontâneo. São
duas maneiras legítimas de narrar. Existem outras.
BT – O que mantém fiel seu público pode ser também o seu
gosto pelo barroco, o extravagante... Pelos tipos humanos bizarros, as situações
caricaturais, os fenômenos inexplicáveis...
FF – Sim, isto acabou se
tornando o principal clichê a meu respeito, para muitos produtores, críticos,
etc. Aparece um anão soprando bolhas de
sabão, e eles gritam: “Felliniano!...”
Aparece uma mulher gorda na janela, escovando os dentes, com os seios
enormes de fora, e gritam: “Felliniano!...”
Não nego que tudo isto me fascinava quando garoto. Sou fiel a este
fascínio, ainda filmo para recapturar o maravilhamento dos meus dez anos diante
de coisas assim.
BT – Uma imagem recorrente em seus filmes é a imagem de
pessoas caminhando por ruas desertas, de madrugada... Faz um certo contraste
com a exuberância geral de suas imagens.
FF – E talvez seja uma imagem
que me é muito cara, que me lembra inclusive tempos da juventude, quando não
tinha dinheiro, não tinha trabalho, andava de madrugada meio sem destino,
outras vezes saindo de um trabalho que entrava pela noite... O que quer? O
mundo é feito disto, multidões ruidosas e coloridas durante o dia, e durante a
madrugada pessoas sozinhas caminhando devagar, sem pressa de chegar a lugar
algum... Quando vejo uma rua com todas as portas e janelas fechadas, à luz dos
lampiões, ela me parece uma mente adormecida, e tudo que acontece ali é como um
sonho... A madrugada é o espaço do sonho, porque todos dormem. A rua deserta é
uma rua que só existe em nós, e para nós. Por isso também me seduz a névoa, a
neblina de Rimini, que envolvia as casas, as torres, os edifícios... tudo
ficava suspenso no interior dessa nuvem branca, que a luz dos postes elétricos
mal conseguia atravessar.
BT – Eu percebo no seu cinema, como no de Luís Buñuel
(que em outros aspectos não se assemelha ao seu) um interesse humano pelos
tipos que parecem fisicamente ou moralmente repulsivos, mas que, examinados de
perto, não o são tanto assim.
FF – Sim, embora o cinema de
Don Luís seja, de certo modo, mais ácido e menos sentimental do que o meu;
tenho consciência disso. O que nos aproxima talvez seja o horror ao moralismo,
à hipocrisia. O moralismo, no fundo, não passa de uma tentativa de humilhar
alguém para afirmar a nossa própria superioridade. Talvez isso tenha origem no
fato de que tanto eu quanto Buñuel somos latinos, emotivos, passamos parte da
juventude sob o peso de regimes totalitários, e da lavagem cerebral promovida
pela Igreja. Com isto, adquiri um grande desprezo pelo moralismo, porque os que
se dizem moralistas não se preocupam com nenhum valor moral elevado, e sim com
a possibilidade de acumular poder para si mesmos quando humilham e condenam os
demais. Só pensam em si, como o homem que só dá uma esmola se houver alguém
olhando. E no fundo têm todos essa visão tribunalesca do mundo, uma corte onde eles
investigam, interrogam, julgam, condenam ou perdoam... Não é assim que vejo a
vida.
BT – Os moralistas sempre o perseguiram, não é verdade?
Alguns dos seus filmes foram considerados indecentes, a Igreja se manifestou...
FF - Meus filmes são castos.
Raramente mostro uma cópula, ou nudez exagerada. Há exceções motivadas pelo
tema, como em Casanova, mas o sexo ali
é coreográfico, performático, não se destina a excitar alguém. Nos meus filmes há
sexo, mas como um aspecto da vida. É isto que os moralistas não me perdoam. O
escândalo da La Dolce Vita não tinha
a ver com nudez ou intercursos sexuais. Minhas orgias são desajeitadas,
amadorísticas... A sensualidade, por outro lado, aparece na cena da Fontana di
Trevi, uma cena de pessoas vestidas dos pés à cabeça, e que mal se tocam. É a
água que fornece o erotismo. Os moralistas entenderam (sabe-se lá como) o
quanto a água é erótica.
(A Doce Vida)
BT – Mesmo os seus personagens negativos são mostrados
com certa ressalva – o ladrão, o brutamontes, o sedutor, o vigarista... Isto
aparece em Mulheres e Luzes, Abismo de um Sonho, A Trapaça, Cabíria, La Strada...
FF – Quero mostrar quem eles são,
mas todos nós estamos mais próximos uns dos outros do que imaginamos. Existem
pessoas essencialmente malignas, no mundo, mas são raras nos meus filmes. O que
mostro, geralmente, são pessoas movidas por impulsos contraditórios, ou por desejos
mais fortes que seu bom senso, ou pelo medo que nos amesquinha, ou por
situações em que se metem e não conseguem voltar atrás... Roubam, enganam,
trapaceiam, porque é o que lhes parece mais fácil no momento, o atalho mais
curto para obter o que pretendem, e são um pouco como crianças, sempre
acreditam que ninguém está vendo, e que no fim escaparão impunes.
BT – Em geral são castigados. Lembro do sedutor Franco em
Os Boas Vidas, quando é desmascarado
ao tentar seduzir a esposa do dono da loja. Ou as derrotas sucessivas do personagem
de Broderick Crawford em A Trapaça.
FF – São castigos que na
verdade não procuram ter efeito moral, “vejam como o vício será punido!”...
Não, é apenas para mostrar de que modo eles se metem nas enrascadas, porque têm
uma percepção defeituosa da vida, são egoístas como crianças mimadas, nunca acham
que podem estar errados, e geralmente estão. E qualquer um de nós passa de vez
em quando por vexames desse tipo. Com menor gravidade, espero. Eu próprio já
meti os pés pelas mãos tantas vezes! Não, eu não seria capaz de roubar a bolsa
de Cabíria, com todas as suas economias dentro, mas sou capaz de imaginar o que
se passa no espírito sombrio daquele indivíduo. Daí aquela longa cena, antes do
roubo final... Estão à beira do barranco, ao entardecer... ele já sabe o que
fará... está em plena tragédia... por isso nada diz, não faz um gesto, enquanto
ela ainda está vivendo a própria fantasia.
BT – Sim, e nesta cena estamos todos no ponto de vista do
ladrão. A única que ainda acredita na fantasia de Cabíria é ela mesma. São personagens
patéticos, como é patético o adúltero compulsivo de Mulheres e Luzes.
FF – O adultério tem a ver com
a vaidade do homem que, com ingenuidade semelhante, nunca acredita que pode
estar errado. Ele sempre acredita que a mulher jovem com quem conversa está
tremendo de desejo por ele mas é obrigada a manter uma aparência virtuosa. Não
é diferente da mocinha ingênua de Abismo
de um Sonho, que larga o marido numa situação bem constrangedora, para
perseguir o galã das fotonovelas; tanto ela quanto o sedutor vivem uma fantasia
tão intensa que não conseguem perceber a realidade.
BT – O senhor sempre se interessa, num certo sentido,
pelas emoções fortes, sem deixar de lado as sutilezas.
FF – Se as emoções fortes são
verdadeiras, as sutilezas irão aparecer, principalmente no cinema, porque
estamos no domínio da câmera, da iluminação e do ator, e nenhum diretor tem
domínio total sobre todos estes elementos, ao mesmo tempo. E nenhum diretor necessita desse domínio. Temos
que buscar a verdade emocional da história antes de tudo, e o resto virá por si
só. E não me refiro simplesmente ao lado mais externo das emoções, o riso, o
choro, a raiva, a paixão... Mas às emoções profundas, que nos movem, que nos
impelem a agir deste ou daquele modo... Isto é um trabalho fascinante para quem
escreve, quem dirige, quem interpreta... No momento de uma cena forte, de um close-up, há mil sutilezas que é preciso
permitir que brotem, sem que o roteirista ou o diretor as tenham que prever,
necessariamente. O momento principal do cinema é quando o diretor diz: “Ação!...
Tudo que acontece antes é mera preparação, e o que acontece depois é
acabamento.
Dito isto, respondo: sim,
gosto de situações exageradas, até meio absurdas, gosto de emoções grandes demais.
Não sou um retratista, sou um caricaturista.
BT – Gosta mais das máscaras do que dos rostos...
FF – Gosto de rostos que
parecem máscaras, porque sinto neles uma verdade maior do que naqueles rostos
pálidos, plácidos, organizados, que se parecem todos uns aos outros... Estes
são os rostos da nossa era, a era das máquinas, em que tudo parece feito de
acordo com a mesma fôrma. Gosto do que é único, e o que é único geralmente nos
parece extravagante ou bizarro. Em todo caso, gosto de compor com os rostos. Nos
meus primeiros filmes tive que aceitar às vezes os atores que as circunstâncias
me impunham, mas meu desejo era sempre compor um personagem: um rosto, uma
roupa, um ambiente, uma voz... Muitas vezes o ator tinha o rosto que eu queria
mas a voz não tinha nada a ver, eu era forçado a encontrar alguém que tivesse a
voz adequada e fazer a dublagem.
BT – Lembro-me de ter lido, quando adolescente, que nos
seus filmes o senhor dizia aos atores que conversassem qualquer coisa durante a
filmagem, ou dissessem números, porque o diálogo só iria ser escrito depois.
FF – Mas sim! É uma técnica
como qualquer outra. Em algumas cenas só me veio à mente o que os personagens
estariam falando quando vi a cena na moviola, sem som, e pela expressão do
rosto deles uma certa troca de palavras me veio à mente. Não funciona em toda
cena, é claro, pois existem aquelas onde os atores precisam estar dizendo
coisas específicas, ou a história não faria sentido. Mas em outras...
BT – Já vi queixas de que essa técnica da
pós-sincronização prejudica as cenas, porque as palavras não coincidem com os
lábios.
FF – Tenho impaciência com quem
fica tentando provar que o que passa na tela é uma mentira. Mas claro que é uma
mentira! A arte é uma mentira, uma invenção, um sonho... Fiquem eles com a verdade deles, podem ficar
de pé na sala e gritar que as ruas são feitas de papelão, e que as balas são de
festim. Há gente que vai para o cinema com um cronômetro ou um binóculo para
encontrar o que eles chamam de “erros” – para ver se os movimentos das mãos de
um instrumentista correspondem aos sons que se ouve na banda sonora.
Eu não filmo para gente assim.
Filmo para gente capaz de olhar um ator e não se perguntar de quem é aquela
voz. É uma composição, é como usar uma tela transparente, com projeção ao fundo
mostrando o Monte Olimpo ou o fundo do mar. É claro que é um truque!
BT -- O senhor tem este fascínio pelo extraordinário,
pelo fora do comum, e sempre me perguntei por que motivo nunca dirigiu um filme
de ficção científica, porque sei que gostava de ler esse gênero.
FF – Mas, quem não gosta? Amadureci
como artista escrevendo roteiros de quadrinhos à imitação de Alex Raymond e de
Lee Falk, quando o governo fascista proibiu a importação das tirinhas. Eu
escrevia, e um colega imitava o traços daqueles artistas, de quem ainda espero receber
o perdão. Sim, escrevi Flash Gordon, escrevi Mandrake, mas colocar isto numa
tela de cinema envolve outras questões. Tudo nasce da minha admiração pelo insólito,
o grandioso, o despropositado... Sou um homem de Rimini, e Nova York para mim é
uma metrópole interplanetária, uma construção cenográfica suspensa no tempo e
no espaço, como aquelas cidades envoltas em cúpulas transparentes que viajavam
pelo Sistema Solar. Sempre fui fascinado pelo mundo impossível criado pelos
americanos. Ali, já assisti, numa tela gigantesca, uma projeção de “Satyricon”
num daqueles “Square Gardens”, depois de um concerto de rock, com dez mil
jovens fumando haxixe e fazendo o amor, e acho que nesse momento a Roma Antiga
e a Roma Futurista dialogaram e se fundiram uma à outra, com uma pequena ajuda
de minha parte.
BT – Tem prazer ao assistir seus próprios filmes, com um
olho na platéia, para ver como ela reage?
FF – Às vezes, mas em geral
tenho um certo incômodo, como se estivesse mostrando algo muito íntimo para uma
multidão de desconhecidos, que facilmente podem me achar ridículo ou patético.
O verdadeiro prazer está no ato de filmar. O grande momento do cinema é o dia
de filmagem, à frente desse exército quixotesco que é toda equipe de cinema, com
sua confusão, suas brigas, sua cumplicidade, seus mexericos, seus erros, seu
perfeccionismo... Seja no estúdio ou na rua, um dia de filmagem é sempre um
mergulho num mar desconhecido, para trazer de volta alguma coisa que nem sempre
é o que buscávamos. Descobri isto através de Rossellini, nos meus primeiros
trabalhos de cinema, pórque até então eu era um homem de gabinete, da escrita,
do desenho, da produção de revistas ou de programas. E ao acompanhar as
primeiras filmagens, principalmente em Paisà,
percebi que o momento da filmagem era como um happening, como uma obra de arte
efêmera que valia por si só, embora tivesse como propósito a realização de um
produto que iria ser exibido meses depois.
BT – O senhor chegou a trabalhar como ator num filme de
Rossellini, um pequeno papel sem falas...
FF – E quanto menos se falar
sobre isto, melhor.
BT – Mesmo assim, continuou aparecendo, mesmo que no
papel de si próprio: Os Palhaços, Entrevista, Roma...
FF – Sim, mas é o que lhe
falei, para mim não existe fronteira entre o que aparece na tela e o que está
por trás da câmera. A fronteira existe apenas como uma abstração, uma
convenção, tal como as fronteiras da vida real – se excetuarmos esses horríveis
muros de pedra ou de arame farpado separando os países. A câmera pode apontar
apenas numa direção, mas o cinema existe em 360 graus, é um círculo em que tudo
se confunde.
BT – Ou um circo...
FF – A palavra vem daí,
círculo, circo, um espaço que inclui artistas, personagens e público: os que
fazem, os que aparecem na tela e os que assistem. São espaços diferenciados mas
contínuos, e vivem em função uns dos outros. Quando apareço filmando nos meus
próprios filmes não estou posando de vanguardista, nem “quebrando a quarta
parede”, estou sendo até meio saudosista, lembrando de um passado longínquo em
que a arte era feita nas ruas, nas praças, no meio do povo, sem essa distinção
artificial imposta pela indústria e pelo comércio artístico. Não sou contra o
comércio, inclusive porque vivo dele, mas não podemos manter viva uma parte
desse espírito?
BT – Eu tenho um apreço especial por Entrevista, inclusive aquele final em que acontece o ataque dos
índios e logo em seguida um temporal, e todos saem correndo, para se proteger
da chuva...
FF – Filmar em equipe exige uma
capacidade de sonhar coletivamente. Sempre me surpreendo quando digo, por exemplo,
“preciso de um balão colorido que se eleva no ar levando consigo dez pessoas”,
e dias depois tenho nas mãos não só o balão como as pessoas, dispostas a subir
nele somente porque essa idéia maluca me ocorreu! É diferente da relação que
temos com certos financiadores incapazes de entender a imaginação. Querem explicação
para tudo, exigem cortes no orçamento... A cena tem que mostrar uma mulher que chega
ao consultório médico, e quando entra vê dois médicos gêmeos, vestidos iguais,
por trás da mesa. O produtor lê isso, faz uma marca na página e pergunta: “Mas,
por que dois gêmeos?... Não bastaria um?...”
É com esse tipo de questão que a gente tem que lidar o tempo inteiro, é
de enlouquecer.
A assistente entrou
já faz algum tempo, espera junto à porta, muito compenetrada, em seus óculos,
seu cabelinho curto, sua minissaia. Séria como o mármore, que raramente sorri;
tem idade para ser neta de Federico, e olha para ele com um olhar de mãe. Ele
percebe, faz-lhe um sinal de positivo, ergue-se, eu também me levanto,
abraçamo-nos, ele me agradece: “Grazie, trouxe-me belas lembranças, não deixe
de ver o filme!..” O filme é A Viagem
de Mastorna, um percurso calvinesco de um homem que perde o trem e se perde
na estação, no mundo, e se maravilha com o mundo, e não quer mais voltar para o
que havia antes.
(A série "Entrevistas Transcendentais" é formada por textos que são imaginários mas pretendem ser fiéis ao espírito dos supostos entrevistados. Eu não entrevistei estas pessoas.)
Agatha Christie:
https://mundofantasmo.blogspot.com/2020/05/4583-entrevistas-transcendentais-agatha.html
Philip K. Dick:
https://mundofantasmo.blogspot.com/2020/08/4608-entrevistas-transcendentais-philip.html
Julio Cortázar:
https://mundofantasmo.blogspot.com/2020/12/4651-entrevistas-transcendentais-julio.html
Augusto dos Anjos:
https://mundofantasmo.blogspot.com/2021/01/4660-entrevistas-transcendentais.html
Alfred Hitchcock:
https://mundofantasmo.blogspot.com/2022/12/4894-entrevistas-transcendentais-alfred.html
Edgar Allan Poe:
https://mundofantasmo.blogspot.com/2023/06/4957-entrevistas-transcendentais-edgar.html