Nome: Simsim. População: Flutuante. Descrição: A cidade-espelho situada numa área com cerca de 10 km2, no deserto de Ambilach. Todas as superfícies e todas as construções tridimensionais (casas, pontes, monumentos) são repetidos por drones reflectivos em movimento constante. Esse processo teve início pela multiplicação desordenada das microcâmeras flutuantes de vigia ao espaçoporto local, o maior do planeta. O efeito potencializa a cidade, tornando-a aparentemente muito maior do que sua estrutura física original. Chamada por alguns velhos pilotos dos anderespaço “O Olho da Mosca”, perdeu importância militar e estratégica ao longo dos séculos, mas tornou-se referência cultural e meta-arqueológica. Reflexos na cultura popular: um ciclo fractal de canções, em forma de cânon, fazendo citando os “oito milhões de histórias na cidade grande” e potencializando esse número a cada nova história contada.
Nome: Vão-da-Cabra. População: 20 mil. Descrição: Cidade incrustada nas galerias refrescantes da serra escarpada que acompanha um trecho calcinante do deserto de Cumaru. Uma temperatura que é um alívio no verão, e serve de abrigo aos pastores de cabras selvagens. No inverno, basta trocar o roteamento dos canais de ventilação e canais exaustores, e é possível ter algum conforto bem agasalhado. Num ecopacto que envolvia uns vinte mil seres, tem um sistema de galerias para os humanos, e três sistemas não misturados para diferentes animais domésticos.
Nome: Don Perenna. População: 18.500. Descrição: Vila tradicional num rincão remoto da Espanha, onde ainda se cantam serestas com lutes e se cultivam as tradições do Bicho Sem Cabeça, do Monta-Leão, e da Corrida da Falsa Fuga. Nesta cerimônia, criou-se o costume de, em dias aleatórios, soltar nas ruas os prisioneiros de alguma cadeia local, os quais invariavelmente supõem que estão fugindo do cárcere por um descuido dos guardas. Os presos que conhecem a festividade muitas vezes deixam-se ficar na cela, sem esperanças. A maioria foge; o divertimento da população local é fingir que está lhes dando refúgio ou contribuindo para sua fuga, quando na verdade tudo se encaminha para levá-los de volta às mãos dos guardas. Noites assim são de festa ininterrupta, gritaria, quebra-quebra, risos, foguetões, tiroteios; e um alto índice de mortalidade em mesas de bar, tanto por consunção quanto por divergências.
Nome: Ambrellis. População: 7 mil. Descrição: A cidade-aqueduto, onde todas as pessoas vivem à sombra de um aqueduto construído milhares de anos atrás por outra civilização. As fontes de água já se esgotaram há séculos, mas a estrutura, em pedra esculpida, permanece. Com mais de vinte quilômetros de comprimento, o antigo aqueduto fornece a única sombra possível no deserto de Khytian. À medida que o sol executa seu movimento pendular ao longo das estações do ano, os moradores transferem pouco a pouco suas tendas para a parte com maior extensão de sombra.
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Nome: Burguenthal-le-Couan. População: 320. Teve toda sua população dizimada pela guerra há mais de um século, e tornou-se uma cidade corredor-da-morte. Os habitantes atuais descendem todos de alguma das famílias exterminadas, e só eles têm direito de morar na cidade, como forma de dar continuidade â suas linhagens. Um véu de lendas e superstições cobre a cidade, e algumas mortes inesperadas de turistas e visitantes fizeram propagar na região o boato infundado de que pessoas de fora que durmam lá correm o risco de morrer em circunstâncias misteriosas. Indivíduos condenados à morte no cantão de Villesburg, a que a cidade pertence, pedem para passar ali sua última noite. Há casos de pessoas que vão para lá com a intenção deliberada de praticar o suicídio, numa média de três por ano.
Nome: Caramanduva. População: 1.350. A cidade das casas com uma cozinha em comum. Todas as casas foram construídas duas a duas, com uma parede comum a ambas. Cada uma tem entrada própria, salas, quartos, corredores, banheiros. No fim de tudo, há uma cozinha ampla, larga, que serve às duas casas. Através dela as famílias interagem, e podem ter acesso ao interior da casa do vizinho. Mudar-se para uma casa em Caramanduva implica em aceitar essa convivência onde se vive numa linha delicada entre intimidade e privacidade, amizade e respeito.
Nome: Spinspace. Cidade agregativa formada por cápsulas em flutuação orbital livre em torno do planeta Acton 3. Cada cápsula (que eles chamam de “casas”) tem capacidade para até dez pessoas em compartimentos separados. Estão todas ligadas por feixes de cabos de nanofibra, e através deles recebem energia e telecomunicação. Acidentes e construção de novas casas mantêm a população da cidade oscilando em torno de 1 milhão de habitantes, num cinturão interconectado que circunda o equador do planeta.
Nome: Balde do Açude. População: 2.500. Em meados da década de 1960 a prefeitura de Santa Maria da Posse (PB) construiu, com verbas da Sudene e do governo do Estado, um açude que serviria para o abastecimento da sua população. O açude secou dentro de pouco tempo, e o crescimento de um bairro periférico próximo fez com que seu terreno fosse invadido pela população, que limpou o mato do local antes ocupado pelas águas, e ali começou a instalar barracos, e depois casas de alvenaria. A comunidade declarou sua independência do município em 2005, proclamando-se “Território Livre de Balde do Açude”. O prefeito local ameaça desviar um rio próximo para submergi-los. Santa Maria da Posse continua com problemas de abastecimento.
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