terça-feira, 14 de maio de 2019

4466) Dicionário Aldebarã XVII (14.5.2019)




(ilustração: Hannes Bok)

O planeta de Aldebarã-5 tem uma civilização influenciada pelos colonizadores terrestres.  Seu vocabulário exprime as características da natureza do planeta e o seu modo de observar os fenômenos da psicologia e da cultura.  Confiram os verbetes abaixo, recolhidos, meio ao acaso, do Pequeno Dicionário Interplanetário de Bolso.

“Stóleo”: certas premonições que demoram a se confirmar e que acabam se transformando num evento perpetuamente adiado e que se torna parte da vida da pessoa.

“Nakrunium”: grupos de leitores que se comprometem a toda semana passar adiante um livro para o próximo da lista, e receber um livro do membro que vem antes.

“Zarbunz”: troca de carícias físicas, sem intenção sexual, entre pessoas que se conhecem profundamente e querem apenas curtir a proximidade uma da outra.

“Argobann”: qualquer recipiente usado para aparar a água que pinga de uma goteira, de uma torneira que está vazando, etc.

“Ablanim”: cartões redondos com polarização química que mantém gelados os copos de bebida colocados sobre eles.

“Chissode”: pequenos epitáfios manuscritos, personalizados, que os amigos deixam no túmulo de uma pessoa querida sempre que vão visitá-lo.

“Raffikam”: pequenos retalhos de pano úmido que algumas pessoas colocam na quina da mesa, durante as refeições, panos que elas pegam e passam sobre a madeira nua da mesa para ir recolhendo os farelos de comida.

“Weruss”: o estado mental de quem, diante de um estresse aparentemente esmagador, consegue juntar forças e manter uma atitude permanente de que tudo está indo muito bem.

“Vontersez”: minúsculos chalés que a maioria das casas de Aldebarã tem no fundo do seu quintal ou pátio interno, e que não pode ser ocupada pela família, devendo servir de alojamento gratuito para viajantes, que ali se hospedam em troca de ajudar nas tarefas da casa, por um prazo limitado de tempo.

“Conluvig”: pequenas peças de corda, em tamanhos variados, com prendedores de metal nas duas pontas, usadas para firmar bagagens ou outras cargas ao serem transportadas.

“Saidop”: grupos de três acontecimentos relacionados entre si que as pessoas costumam usar como argumentos para justificar um conceito, uma teoria, uma opinião, uma intuição aparentemente esdrúxula.

“Orau”: cerimônia em que de tantos em tantos anos as pessoas começam a transferir suas posses para parentes ou amigos próximos, numa antecipação da herança que deixarão ao morrer.

“Arani”: a tradição de dar nomes próprios a cada objeto da casa: pratos, talheres, cadeiras, cortinas, para que cada um deles tenha sua individualidade e possa ser distinguido dos demais.

“Maltomar”: diz-se da morte de certas pessoas onde nunca se poderá saber com certeza se foi morte natural, acidente ou suicídio.

“Rurrom”: a lembrança importuna e insistente de uma pequena coisa errada que a pessoa fez muito tempo atrás e não esquece, e acha, contra todas as probabilidades, que aquilo ainda pode surgir para cobrar uma conta.

“Vasser”: tem o sentido geral de “recipiente”, e pode designar indiretamente um saco de papel, um copo, uma casa, o estômago, um casaco, uma folha de papel em branco, etc.

“Amdiris”: o período de teste que se dá para a adaptação de um novo objeto (utensílio, roupa, livro) à casa, findo o qual ele é incorporado ou descartado.

“Lodenz”: grupos de amigos que se reúnem periodicamente para lembrar os velhos tempos, e a cada reunião fazem um depósito numn fundo de ajuda para qualquer um que estiver precisando.
















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