segunda-feira, 5 de outubro de 2015

3937) Dicionário Aldebarã XI (6.10.2015)




(ilustração: "Orchestre de Mystère", Alexander Jansson)


O planeta de Aldebarã-5 tem uma civilização influenciada pelos colonizadores terrestres.  Seu vocabulário exprime as características da natureza do planeta, e o seu modo de observar os fenômenos da psicologia e da cultura.  Confiram os verbetes abaixo, recolhidos, meio ao acaso, do Pequeno Dicionário Interplanetário de Bolso.

“Umbriown”: a irresistível sonolência que se apodera de uma pessoa quando está tentando sem sucesso fazer uma criança dormir. 

“Hairátis”: trepadeiras com folhas minúsculas de colorações variadas, que são induzidas a crescer em volta de janelas ou colunas, formando desenhos tradicionais que devem ser seguidos à risca. 

“Anústios”: os pequenos e contidos sinais de interesse recíproco que duas pessoas se endereçam, num contexto social em que essa atração não pode ser claramente expressa. 

“Fessiun”: nuvem de onde cai chuva forte, vista à distância no horizonte. 

“Veniur”: setor do departamento de recolha do lixo onde são recuperados e arquivados todos os documentos, cartas, manuscritos, etc. encontrados no lixo das cidades, e que ficam à disposição para serem resgatados em caso de arrependimento.

“Farguile”: a sensação difusa de expectativa que experimentamos diante de uma carta que acaba de chegar, um toque na campainha, um pacote trazido por alguém. 

“Barléns”: pedaços intactos de paredes que, nas demolições de casas, são preservados porque neles foi gravada uma imagem, ou foi pichada uma frase considerada importante. 

“Seppini”: alçapões no piso dos aposentos dando diretamente para caixotes de lixo no porão, para facilitar a limpeza da casa. 

“Dorreon”: fatias de frutas impregnadas de um molho azedo especial, muito apreciadas como tiragosto para acompanhar certos tipos de vinho.

“Antissas”: lâminas de metal imantadas, compridas, retangulares, que se costuma enfiar nas frestas e embaixo dos móveis para atrair e recolher moedas perdidas. 

“Glissenso”: o encontro casual entre duas pessoas num momento em que cada uma tinha certeza absoluta de que a outra estava num lugar completamente diferente. 

“Heriunds”: tabuletas para escrita, pregadas junto à porta das residências, para que as visitas deixem recados quando não encontram ninguém em casa. 

“Cavel”: o último bar ou restaurante que se encontra aberto durante a madrugada, quando tudo indicava que isto seria impossível. 

“Darnilan”: interjeições formadas por sílabas sem sentido, pronunciadas em ambientes ou ocasiões onde seria ofensivo dizer algo mais forte.  

“Margnim”: superstição segundo a qual, em certas circunstâncias astronômicas, tudo que começa mal acaba bem, e tudo que começa bem acaba mal.





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