“Se tem uma coisa que eu não suporto, seja em quartel, seja em campo de batalha, é aquele sujeito da mentalidade que eu chamo Sim General. É o cara que você diz: “Vá lá no meu alojamento e traga meu sapato marrom com cadarço amarelo”, ele pergunta: “O esquerdo ou o direito, General?”. Não adianta querer dar um tiro nele. Não resolve. Diga: “Os dois” e vá cuidar da vida. O mundo onde vive esse pessoal todo cheio de pruridos de especificidade é um mundo de infinitas pulgas, infinitos carrapichos. Um mundo de muito cabelo branco e pouco sossego.
“No começo da guerra, quando estávamos passando-no-rodo as
democracias vizinhas, tudo eram flores, tudo cheirava a fumaça comemorativa.
Mas agora não. Cada telegrama que é
rasgado, aberto, erguido e lido por doze pares de olhos traz uma notícia pior
que a anterior. O inimigo fecha o cerco, com tropas que pontilham a silhueta da
colina como um mostrador de relógio.
“Nem sei se estou operando dentro das minhas prerrogativas
militares e jurídicas, mas espero que sim, porque é apenas o mais
desinteressado dos ideais que me move.
Mas tomo a iniciativa de denunciar: Quem nos destinou a nós, para o
sacrifício? Foram os políticos, meros
civis, ainda menos preparados do que nós militares, mesmo admitindo que a
maioria de nós passou de ano em ano pelo-pau-do-canto. Graças ao protecionismo
deste ou daquele grupo, passamos, estamos aqui, e de repente querem que
justamente nós ganhemos a guerra que eles declararam e ficaram assoprando as
unhas nos seus gabinetes. Me parece uma
grande injustiça contra nossa geração. Na verdade nunca quisemos invadir
ninguém, bombardear ninguém, dominar o planeta. Queríamos apenas um emprego com
plano de carreira bem estabelecido e aumentos acima da inflação.
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