Podem dizer que minha abordagem é preconceituosa. Entre outras coisas, é a pura verdade. Não tenho preconceito contra a Copa do Mundo, tenho contra a Fifa que a promove e que se parece com uma Máfia, uma Wall Street, uma limusine de mercenários, um valhacouto de cavalheiros-da-indústria, uma gangue de trambiqueiros de alto coturno. Não tenho preconceitos contra negros, judeus, homossexuais, índios, mulheres, contra quase ninguém. Tenho preconceito contra a Fifa. (Não devo pensar que sou melhor do que pessoa alguma.)
A Fifa promoveu uma votação/enquete para escolher 32
slogans, aqueles que são pintados nos ônibus das 32 seleções que disputarão a
Copa no Brasil. Não consegui descobrir
como feita essa eleição, se foi com sugestões do público em geral, ou se se
deveu à mesma comissão que criou o Fuleco.
O slogan da nossa seleção é: “Preparem-se! O hexa está
chegando!”. Brasileiríssimo, pois não se trata de “Vamos conquistar o hexa,
passando por cima de pau-e-pedra!”. É tipo “estamos aqui, na piscina do hotel,
e alguém ligou no celular dizendo que o hexa está chegando daqui a pouco,
dependendo do trânsito e das manifestações”.
Corre, Neymar!
Alguns slogans são do tipo tiro-no-pé. Os belgas dizem:
“Esperem o impossível!”. (Ao que os franceses, mais profissionais, afirmam: “O
impossível não existe em francês”). Os uruguaios (logo eles, contumazes estragadores-de-festa)
dizem: “Três milhões de ilusões, vamos lá, Uruguai!”. Tomara que fiquem na
ilusão mesmo. Alguns recorrem à mitologia totêmica, como Camarões (“Um leão é
sempre um leão”) ou a Costa do Marfim (“Os elefantes à conquista do Brasil”).
Vários países concorrentes revelam uma certa pressa ansiosa
em afirmar que já realizou sua individuação do Self junguiano. Argentina
(“Não somos um time, somos um país”), Colômbia (“Aqui não viaja um time, viaja
um país inteiro!”), Equador (“Um compromisso, uma paixão, um só coração, é para
ti, Equador!”), Alemanha (“Uma nação, um time, um sonho!”), Honduras (“Somos um
povo, uma nação, cinco estrelas de coração”).
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