De vez em quando um governo proíbe o consumo de uma droga bem popular no país, com as consequências que já se sabe. Cem anos depois, a droga volta de vento em popa, e do Governo que a proibiu só restam bustos de gesso, medalhas comemorativas e nomes de ruas.
Foi o caso
da Lei Seca, quando os EUA proibiram que se bebesse bebida alcoólica no país.
Durou de 1920 até 1933, e, como disseram vários historiadores, ali nunca se
bebeu tanto, e nunca se bebeu tão mal.
Arthur Machen afirmou: “Proíbam um homem de beber uma bebida alcoólica decente, e em breve ele estará alegremente bebendo álcool puro”. Os norte-americanos beberam álcool impuro durante 13 anos. O uísque era fabricado nas banheiras dos apartamentos, com ingredientes improvisados, e vendido por qualquer preço.
A Máfia, um obscuro grupo de bandidos imigrantes, tornou-se uma das principais forças do crime organizado no país, graças à fabricação e venda daquilo que o Governo, ao invés de administrar, resolveu proibir. Triste do poder que não pode.
Li a
notícia (http://bit.ly/1bshw4N) de que numa
reforma realizada num dos edifícios da Universidade de Fairleigh (em New
Jersey) foi encontrada uma lata de tabaco contendo uma folha manuscrita, uma
verdadeira “cápsula do tempo”. A lata
estava embutida numa das paredes; quando foi aberta, encontrou-se a nota que
dizia:
“Estes banheiros foram remodelados em 1932. E. J. Parsons de Morristown fez os encanamentos, e Edw F Daniher de St Madison fez o revestimento. Outros homens que aqui trabalharam foram: (... – segue-se uma lista de nomes.) Foi durante a Lei Seca, e foi um trabalho feito sem tomar uma dose sequer. Quem encontrar esta nota, se a Lei no. 18 tiver sido revogada, tome uma pela gente”.
A Lei 18
era justamente a que entrou em vigor em 17 de janeiro de 1920, proibindo as
bebidas alcoólicas. Atentem para o detalhe subversivo da “cápsula”, porque quem
a colocou ali não hesitou em dar os nomes dos envolvidos no trabalho, e, mesmo
admitindo que não tinham bebido nada durante aquele período, o teor da mensagem
podia ser considerado (e certamente seria, basta imaginar as figuras que lessem
aquilo) uma “apologia do uso das drogas”.
Os operários não bebiam – assim como os remadores de Ulisses, na Odisséia, não tinham permissão para ouvir o canto das sereias. Quanto mais muda mais continua a mesma coisa.
Um comentário:
Eu não bebo.Mas dizem que o vinho é bom para o coração.
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