Estive em Campina Grande para participar como jurado da
oitava edição do Comunicurtas. É um festival de curta-metragem idealizado e
organizado por André da Costa Pinto, com a ajuda de um exército de jovens
voluntários que na noite final subiram ao palco para uma foto que, ao que
parece, tornou-se de praxe na noite de encerramento. Ao som do Regional de
Duduta, dezenas de rapazes e moças riram e acenaram para um Teatro Municipal
repleto que os aplaudia.
Na quinta-feira, aconteceu uma reunião do Forum do
Audio-Visual da Paraíba, com a presença do Secretário de Cultura, Chico César.
Longas (e espero que proveitosas) discussões sobre a necessidade de apoio do
Governo a quem faz cinema e vídeo independente no Estado. É a eterna (e
necessária) contradição da vida cultural. De um lado, o fato de que o dinheiro público
existe e precisa ser devolvido à população sob a forma de incentivo aberto a
todos. Do outro, o fato de que se formos ficar eternamente esperando pelos
Governos vamos virar esqueletos de pires na mão à beira do caminho, e que é
preciso, sempre, começar a fazer as coisas de graça, sem condições, na base do
entusiasmo, senão... nada acontece.
Os filmes e vídeos inscritos mostram imaginação nos
roteiros, cuidado na execução, propostas narrativas ousadas. Fotografia e
montagem/edição estão num nível muito alto. Não falarei aqui dos filmes premiados;
a lista deve ser postada no saite do Festival (http://comunicurtas.com.br/) assim que a
galera se recuperar da ressaca. Vivo sempre sonhando com o que Drummond chamou
uma vez “o fim sem a injustiça dos prêmios”. Prêmio só tem importância quando a
gente ganha. Se a gente não ganhou, é melhor fazer de conta que o prêmio nem
existe. Fazer filme pensando em prêmio é perder o foco no filme. Quando o
prêmio acontece, ajuda; mas, se não acontece, não devemos permitir que isso
atrapalhe.
2 comentários:
eu sou pernambucano,mas também estou feliz com isso.como dizia cazuza, temos que mostrar a nossa cara.
O mundo é tão confuso que alguns de nós escolhemos criar guelras e se afundar nas profundezas dos oceanos para procurar a nossa raiz perdida. Uma ignorância laboratorial perpetuada pela febre do ouro, pois nós poetas sabemos que o mar é apenas um espelho.
O que iremos fazer quando estiver tudo decodificado? Montaremos fileiras de DNA, como fizemos na escola com fileiras de bolas coloridas. Assim, poderemos dizer tudo de um ser humano com uma gota de sangue, ou seria de uma lágrima? Franz Joseph Gall, explicaremos por fim os psicopatas e os monstros subaquáticos?
Eu levei meu irmão, parte de pai, para pular em uma piscina de bolinhas, quanto de meu eu formam o todo dele? 25 por cento? Qual combinação o formará engenheiro? Qual combinação de bolinhas o formará cristão, e não um eu? As bolinhas me dirão isso, as bolinhas me dirão a verdade? Que a parte da parte da parte, no final das contas, representa o todo.
Qual combinação mantém o capitalismo? Será que a genética muda com a exposição ao calor, como na África, isso explica a pobreza, pois a pobreza não tem nada haver com exploração, é um pouco de guanina citosina timina adenina.
A verdade? A verdade é quando a proporção do meu braço alcança o copo, quando esperamos na coxia e não sabemos quem vai pisar no palco, se um ser humano vestido de artista, ou se é a própria arte encarnada no ser humano.
Estou exagerando, pois o produto desses estudos serão para o bem da humanidade, seja lá o que signifique ser humano, ou o bem, ou a verdade fragmentada do momento, ou a verdade do todo de todos os tempos.
As possibilidades estavam lançadas dentro das bolas coloridas na piscina de bolinhas, eu me arremessei para alcança-lo sem saber ao certo a proporção do meu tórax, o tamanho dos meus braços abertos, a distância de meu dedo polegar ao dedo mínimo, se o lado direito de meu encéfalo entende cores.
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