quinta-feira, 1 de abril de 2010

1857) Do estupro ao terrorismo (20.2.2009)



Um dos objetivos do terrorismo é espalhar o terror entre uma população que nunca sabe de onde virá o próximo ataque-surpresa, nem como, nem quando. Muito diferente das guerras galantes da Idade Média, em que um cavaleiro ajudava a erguer do chão o cavaleiro caído a quem tentaria matar no minuto seguinte. O terrorismo sempre ataca pelas costas, por assim dizer, atingindo pessoas desarmadas e desprevenidas. Seu objetivo é dizer: “Nossa guerra é contra todos, inclusive contra os que não estão em guerra. Nossa guerra é contra qualquer um, inclusive contra você.”

O Velho da Montanha é um personagem lendário da história islâmica. Encastelado numa fortaleza, ele dopava com haxixe rapazes vigorosos mas ingênuos. Produzia uma espécie de “pegadinha” em que o rapaz, sob a influência da droga, era acariciado por belíssimas mulheres nuas, que lhe serviam comida deliciosa e vinhos finos. Ao despertar, ele ficava sabendo que tinha passado algumas horas no Paraíso, e teria direito a visitá-lo novamente caso concordasse em se sacrificar pela causa, matando Fulano de Tal. Claro que o jovem lavrador, bronco, de poucas leituras, com os hormônios esfuziando, topava na hora. Assim surgiram os “hashishin”, ou “assassinos”.

Bons tempos. Hoje, a História humana parece estar sendo escrita a quatro mãos pelo Barão de Munchausen e pelo Marquês de Sade. A imprensa acaba de divulgar que a iraquiana Samira Hassan, de 51 anos, foi presa sob acusação de fornecer mulheres-bomba para atentados contra as forças invasoras internacionais em seu país. Como é feito o recrutamento? Com promessas de ir para o Paraíso? Não, apenas isto: o grupo liderado por ela atacava as mulheres e as estuprava. Uma iraquiana estuprada tem que suportar, talvez, uma vergonha mais intensa do que uma mulher ocidental, pelos agravantes típicos de sua cultura. Desesperada, sem alternativa para a vida, a estuprada era então abordada e lhe ofereciam a opção de virar mulher-bomba. Sacrificando-se pela causa, seu “pecado” seria perdoado e ela iria ao Paraíso. Cerca de 80 mulheres passaram por este processo e foram pelos ares.

Se uma mulher estuprada experimenta uma tal vergonha, que dizer de um rapaz heterossexual que sofra o mesmo vexame? É o que tem sido posto em prática na Argélia, segundo um artigo de Tom Newton Dunn no “The Sun”. Um militante argelino arrependido, Abu Baçir El Assimi, afirmou: “Os atos sexuais praticados sobre jovens recrutas entre 16 e 19 anos foram uma maneira de pressioná-los a se engajar em operações suicidas”. Numa cultura moralista, e fortemente machista, a humilhação de um rapaz sodomizado à força não tem limite. A primeira coisa em que ele pensa, talvez, é em suicídio. Os terroristas lhe oferecem, então, um “suicídio útil”, e a possível ida ao Paraíso. O terrorismo torna-se isto: um exército de aterrorizados, vítimas de um estelionato moral, sacrificando-se em busca de redenção.

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