quarta-feira, 30 de julho de 2008

0477) “The Modern Word” (29.9.2004)



Dos saites dedicados à literatura da Web, um dos meus preferidos é o que um americano chamado Allen Ruch, fã de ficção científica e de literatura moderna, criou em 1995 sob o nome de “The Libyrinth”. Ao descobrir a World Wide Web, Ruch (que também se assina com o apelido de The Great Quail, “A Grande Codorna”) percebeu que não existiam, na época, muitos saites voltados para a obra de alguns dos seus escritores preferidos: Garcia Márquez, James Joyce, Jorge Luís Borges... Em vez de acender um cigarro e se queixar da falta de cultura da população internética, Ruch criou um saite para falar justamente destes autores. O nome “The Libyrinth” é uma homenagem ao que ele considera os dois símbolos desse tipo de literatura: a Biblioteca (“Library”) e o Labirinto. O foco recai em autores cuja obra mostra um uso criativo e experimental da linguagem e uma ruptura com as formas tradicionais do realismo literário.

O saite passou a ser patrocinado anos depois; tornou-se um enorme Portal, e adotou o nome “The Modern Word”, sob o qual pode ser encontrado (http://www.TheModernWord.com/themodword.cfm). A chamada “Coleção Principal” consta de 7 saites com uma gigantesca massa de informações sobre 7 autores: “Porta Ludovica” (Umberto Eco), “Macondo” (Garcia Márquez), “O Jardim das Veredas que se Bifurcam” (Borges), “Apmonia” (Samuel Beckett), “A Cabeça de Bronze” (Joyce), “O Castelo” (Kafka) e “Spermatikos Logos” (Thomas Pynchon). Cada um destes saites subdivide-se em numerosas seções, contendo críticas, ensaios acadêmicos, fotos, cronologia, bibliografia, etc.

Quem se interessa por estes autores encontra na “Modern Word” material de leitura para o resto da vida. Há uma equipe que alimenta o saite com novos textos que saem pelo mundo inteiro. Também interessante é a seção denominada “Scriptorium”, onde outros autores merecem páginas específicas, mas de menor extensão. No “Scriptorium” são abordados autores que futuramente poderão ter saites maiores em The Modern Word, os que já têm muito material na Web, e os que ainda não têm uma obra grande o bastante que justifique todo um portal consagrado a ela. Em todo caso, a seleção vai desde alguns dos melhores autores da ficção científica (Philip K. Dick, Stanislaw Lem, J.G. Ballard, etc.) até bons ficcionistas contemporâneos (Kobo Abé, Primo Levi, Robbe-Grillet, Michael Ondaatje, etc.) O leitor mais magnânimo pode conferir no “Scriptorium” minhas modestas contribuições, as páginas que fiz sobre dois de meus escritores favoritos: Raymond Queneau e Georges Perec.

No meio da balbúrdia de bobagens que é a Web, saites onde informação confiável é filtrada e ordenada são uma verdadeira bênção. The Modern Word pode não ser o maior, o mais variado ou o mais erudito dos saites literários, mas é um exemplo de como é possível encontrar, mesmo na Biblioteca de Babel, um belo livro que se lê com prazer até o fim, ou o infinito.

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