quarta-feira, 16 de abril de 2008

0375) Os mundos de Colin Wilson (2.6.2004)



Por que há tanto preconceito contra os livros de auto-ajuda? Que mal há em se ler um livro para levantar o astral, encorpar o otimismo, acreditar que-a-vida-vale-a-pena? Sou um sujeito meio kafkeano, meio gótico, e tem uma duziazinha de autores a que sempre recorro quando preciso de motivação metafísica para continuar respirando. Um deles é Colin Wilson, que já publicou dezenas de livros, já traduzidos no Brasil. Alguém irá objetar que seus livros não são de auto-ajuda, mas este é o X da questão. Minha auto-ajuda é de alto nível, rapaziada. Autor de auto-ajuda pra mim tem que ser um filósofo existencialista que escreve romances de mistério e de ficção científica, pesquisa a paranormalidade, e acredita em magia sexual. Ou seja: Colin Wilson.

Seus romances de FC são mais-ou-menos (Parasitas da Mente, Vampiros do Espaço), mas seus romances policiais são excelentes (Ritual nas Trevas, O Matador, A Gaiola de Vidro); talvez os melhores estudos literários de serial-killers. Seus livros sobre ocultismo (O Oculto, Mysteries) são ótimos, e neles Wilson desenvolve uma de suas teorias principais: a de que o ser humano utiliza apenas uma pequena fração de seus poderes mentais, os quais podem ser desenvolvidos através de técnicas específicas. Os grandes artistas e os grandes místicos são pessoas que conseguem produzir em si mesmos, e sustentar, esses estados de exaltação espiritual em que tudo parece fazer sentido. Wilson chama a esse poder mental de “Faculdade X” (um nome pouco imaginativo, reconheço). Diz ele: “Parece nada haver que o homem não consiga fazer quando dirige a mente para o que pretende. Uma vez formada claramente a idéia do que ele deseja, ele parece insuperável. Seu problema nunca foi força de vontade, mas imaginação: saber para onde dirigir sua vontade”.

Wilson ficou famoso muito jovem, ao publicar seu livro fundamental, O Outsider (1956). O outsider é o indivíduo talentoso mas desajustado, possuído por um impulso imperioso de realizar algo, dotado de uma visão privilegiada, mas que entra em choque com sociedades conservadoras ou repressivas. Os outsiders podem virar grandes artistas à beira da loucura (Dostoiévski, Nijinski, Van Gogh), líderes políticos ou espirituais (Lawrence da Arábia, Gurdjieff), visionários (William Blake) e também podem tornar-se criminosos.

Por que os livros desse cara me servem de auto-ajuda? Acho que tudo é uma questão de credibilidade. Acredito em Colin Wilson mais do que em Nietzsche, Aristóteles, Karl Marx, Paulo Coelho, Khalil Gibran. Acho que é porque os gostos dele são parecidos com os meus. É um cara que se interessa pelo Abominável Homem das Neves e pelos crimes de Jack o Estripador; que leu Van Vogt e Lovecraft, além de Sartre e Kafka. Falamos a mesma língua. Se ele acredita na Faculdade X, e já escreveu 100 livros a respeito, por que não posso eu acreditar, e escrever outros tantos? Mãos à obra. Estão vendo como funciona?

3 comentários:

Félix Maranganha disse...

Alguns filósofos, como Marx, Sartre ou Nietzsche apenas pioram meus estados de tristeza, por isso recorro sempre à literatura gospel. Pelo menos meu astral espiritual se eleva, uma luz no fim do túnel. hehehehehe

Anônimo disse...

Pra mim é o contrário: literatura gospel me deprime! É muita culpa, pecado, sofrimento, sacrifício...
Prefiro obras filosóficas ou a mitologia lovecraftiana.

Marcelino Rodriguez disse...

Os cavaleiros de Malta dizem que devemos desenvolver a intrugencia do coração e não do cérebro apenas; o coração é amoroso. www.cavaleirosdemalta.wordpress.com