(poema de Mallarmé)
No Suplemento Literário Minas Gerais sobre tradução
(maio), diversos tradutores fazem avaliações sobre a literatura traduzida entre
nós: Ivo Barroso, Cláudio Willer, Augusto de Campos, Denise Bottmann e
Guilherme Gontijo, entre outros. Tradução é aquela atividade onde geralmente se
perde, na melhor das hipóteses se empata, e é proibido ganhar (=ficar melhor
que o original).
A tradução de poesia tem dificuldades específicas, e não
apenas pelo fato de que se pressupõe ser a linguagem poética mais concentrada,
mais rica de nuances, etc. Grande parte da produção poética em qualquer cultura
é rimada e metrificada. Obedecer de forma estrita à rima e à métrica do
original em outro idioma, e além disso manter o sentido dos versos, é uma
tarefa inglória. Rimas exatas poderiam ceder lugar a rimas toantes, por
exemplo; o verso poderia variar minimamente de extensão.
No SLMG, o tradutor Álvaro Faleiros diz, sobre isso, que
nas traduções poéticas brasileiras há uma “busca de estrutura isomórfica”, ou
seja, de um poema que reproduza com rigor o conjunto de efeitos do original.
Mas ele diz:
“O ritmo do poema não se devia apenas à distribuição
acentual do verso, mas (...) a sintaxe, o léxico e o encadeamento das idéias
eram tão determinantes quanto a rima e a métrica. Desde então, tenho procurado
inverter a famosa máxima de Haroldo de Campos, para quem a tradução deve ser
isomórfica (ou paramórfica) e o sentido deve ser uma ‘baliza demarcatória’. No
jogo de perdas e ganhos da tradução, estou tentando tratar os aspectos formais
como ‘baliza demarcatória’ e fazer da sintaxe e do encadeamento de imagens o
meu ‘topo’”.
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