sábado, 6 de setembro de 2014

3596) Neil Gaiman e a escrita (5.9.2014)





Me perguntaram numa entrevista dias atrás se eu achava Neil Gaiman o melhor escritor da fantasia urbana (ou do “macabro insólito”, não lembro bem que rótulo foi usado).  

Falei que ele era excelente – mas não existe “o melhor”, isso é um conceito esportivo, hierárquico, aritmético, que tem tudo a ver com o esporte mas nada tem com a arte, pois esta se baseia em impressões pessoais e coletivas que mudam o tempo inteiro, e se assemelha mais ao mercado de ações, onde o valor é expresso em quantidades numéricas (dinheiro) mas é medido em fantasias subjetivas grupais (avaliações do mercado).  

Quando terminei de explicar, a repórter estava olhando para o microfone como se ele tivesse acabado de brotar ali na mão dela, e nunca me fez a segunda pergunta.

Resposta: sim, Neil Gaiman é um bom autor (seu eventual parceiro Gene Wolfe é melhor ainda) mas a razão de citá-lo é que eu o sigo no Twitter (@neilhimself), então estou mais exposto a irrelevâncias como ficar sabendo da agenda de noites de autógrafos dele por países inacessíveis, mas também a bate-papos ocasionais. 

Não só ele, sigo algumas dezenas de autores, mas ele é um dos que mais postam, juntamente com Jonathan Carroll e William Gibson. (Mas em surtos. Às vezes somem por semanas a fio.)

Vantagens da cultura digital, substituindo os hollywoodianos “escritórios de divulgação”, que ficavam liberando diariamente factóides sobre os astros seus patrões. Hoje o patrão precisa matar hora numa conexão atrasada e fica trocando idéias com anônimos que lhe perguntam sobre seus livros.  

Perguntado, Gaiman diz que seu filme favorito seria um desses: “If, The Manuscript of Saragossa, e All That Jazz”.  Nunca vi O Manuscrito de Saragoça, adaptação de Wojcieh Jersy Has para o polêmico, misterioso, multiforme e necronômico livro de Jan Potocki (se alguém souber um link pro filme, favor informar.)

Os outros títulos citados por Gaiman eu já vi. 

If, filme inglês de Lindsay Anderson, é sobre a revolta dos estudantes de uma daquelas terríveis escolas-internatos para adolescentes britânicos, um capítulo à parte na história do sadomasoquismo ocidental.  Vi esse filme depois de ter visto Zéro de Conduite de Jean Vigo, um filme parecidíssimo e diferente. 

All that Jazz é aquele filme sobre o diretor de um musical (Roy Scheider) que está pra morrer do coração mas mete o pé na jaca e pipoca o motor e dirige um espetáculo complicado em todos os sentidos. 

O que têm esses dois filmes a ver com a obra de Gaiman, de Sandman a O Livro do Cemitério? Aparentemente nada, e possivelmente alguma coisa, que não está óbvia nos livros mas que pode ser mais bem iluminada em retrospecto.




3 comentários:

Vinícius Goularte disse...

Achei este link: https://kickass.to/the-saragossa-manuscript-1965-wojciech-has-t6749311.html

Pedro Lira disse...

Bráulio, achei o link do filme em torrent e da legenda em português.
Espero que você saiba baixar arquivos em torrent, a melhor invenção desde a fita k7.

https://thepiratebay.se/torrent/9515098/Rekopis.Znaleziony.w.Saragossie.1965.720p.BluRay.AVC-mfcorrea

http://www.opensubtitles.org/pt/subtitles/5674923/rekopis-znaleziony-w-saragossie-pb

Braulio Tavares disse...

Valeu, Vinicius e Pedro... Sou meio ruim pra baixar filmes, mas recorrerei ao meu filho!