sexta-feira, 18 de maio de 2012

2873) Óculos-câmara (18.5.2012)



(foto: Sebastian Thrun)

Circulou na Internet uma foto tirada por Sebastian Thrun, um dos tuxaus do Google.  Na foto, ele está num gramado, num dia de sol, segurando as mãos do seu filho pequeno e girando em círculo, fazendo o guri rodar suspenso sem tocar o chão, bem depressa.  Quem já brincou com crianças sabe o quanto elas gostam disso. (Uma das piores coisas de ficar adulto é não dispor de gigantes com o dobro do nosso tamanho pra fazer essas brincadeiras com a gente.) O que diferencia esta foto de tantas outras é que não foi tirada à distância por uma terceira pessoa (a mãe, p. ex.), mas pelo próprio Sebastian enquanto brincava com o garoto.  Vemos as duas mãos dele segurando as mãos do menino, e o rosto deste, tendo o gramado ao fundo. Thrun estava usando a nova tecnologia que eles chamam de Google Glass, um par de óculos especiais que funcionam também como câmara. Se Sebastian estivesse usando uma câmara normal, ele só poderia captar o riso feliz do garoto segurando-o com apenas uma mão, porque precisaria da outra para apertar o botão da câmara. (Pra mim ainda não ficou claro de que modo o disparador da câmara é acionado, embora haja menções ao aplicativo Siri usado nos smartphones Android, em que o comando é dado pela voz.)

Óculos que fotografam são uma possibilidade interessante para um futuro próximo. A questão reside apenas em transferir para as lentes (com o hardware embutido na armação) uma porção dessas funções atualmente contidas num smartphone.  Neste artigo (http://on.io9.com/KtQo8Y) já se discutem aspectos polêmicos deste uso: espionagem, invasão de privacidade, terrorismo (fotos de lugares estratégicos tiradas às escondidas, etc.).  Situações assim geram dois problemas: o uso mal intencionado, e a repressão a pessoas bem intencionadas que estão simplesmente usando seus óculos sem intenção de prejudicar ninguém, assim como quem leva seu canivetezinho numa viagem aérea sem pretender sequestrar o avião.

 Para mim, o uso jornalístico e documentarista dessa engenhoca seria o mais importante.  Uma câmara nos óculos, acionada por uma sílaba-senha dita em voz alta, pode ser de grande utilidade em momentos de urgência.  (Como se sabe, nenhum disco voador espera que você retire a câmara guardada na mochila.)  Poderia haver até mesmo uma câmara de filmar, remetendo em tempo real para o meu blog, por wi-fi, a manifestação pública de que participo, a festa onde estou me divertindo, um jogo de futebol que estou vendo, uma pessoa a quem entrevisto. A quantidade de imagens gerada no mundo continuará a crescer exponencialmente.  Imagens invisíveis, porque não haverá gente bastante, tempo bastante para que alguém as veja.

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