terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

2480) O Brasil Sub-20 (15.2.2011)



Assisti os cinco jogos da fase final (e alguns da classificatória) do campeonato sul-americano sub-20, em que a Seleção do técnico Ney Franco acabou campeã. Geralmente não dou muita atenção a essas categorias. Já vejo futebol em excesso, e se é para perder tempo prefiro perdê-lo com a Seleção principal. Mas essa nova Seleção tinha Neymar (um jogador polêmico), tinha pelo menos dois do Flamengo, e os jogos eram depois da meia-noite, um horário em que eu já podia desligar o computador e ligar a TV com a consciência do dever já cumprido.

O time do Brasil é bom. Ney Franco é um técnico que me faz ter fé no futuro, juntamente com Mano Menezes na Seleção principal. São bons treinadores, sem a truculência de Dunga (que tomava atitudes certas, como a de proibir TV dentro do ônibus da Seleção, mas da maneira errada); sabem montar uma equipe e sabem jogar para a frente. Os resultados estão aí. O Brasil jogou algumas partidas medíocres (a penúltima, 1x0 no Equador, foi um pesadelo de incompetência e gols perdidos), mas isso se devia à insegurança e à tensão dos jogadores, todos muito jovens e muito cobrados. Como os adversários também o eram, os defeitos se equilibravam, mas o jogo virava um horror.

Na única derrota do Brasil, contra a Argentina, tivemos um pênalti contra e um jogador expulso com dois minutos do jogo. Remamos contra a maré até empatarmos, e depois sofremos um gol de bobeira. Numa partida normal, teríamos ganho. Numa partida normal contra o Uruguai também ganharíamos, mas sem a goleada escandalosa de 6x0. Esse jogo mostrou o quanto o futebol pode se inclinar para um lado ou para o outro. O Brasil fez 2x0 no fim do 1o. tempo, e um uruguaio foi expulso. O jogo parecia ganho. Começa o 2o. tempo; pênalti contra o Brasil e um brasileiro expulso. Ficam 10 contra 10 e o Uruguai tinha a chance de fazer 2x1. O jogo iria pegar fogo. Vai o garoto e chuta o pênalti pra fora; dois minutos depois o Brasil faz 3x0. O jogo acabou aí, e o resto, a goleada, foi mera consequência.

Triste sorte do uruguaio que perdeu o pênalti: foi o mesmo que tinha feito o gol da vitória contra a Argentina, levando o país de volta às Olimípiadas depois de não-sei-quantos anos. No espaço de poucos dias, esse garoto com menos de 20 anos já provou o melhor e o pior que o futebol pode oferecer.

Só não sei como vai ser o caso de Neymar. Está marchando aceleradamente para se converter num naufrágio. Futebol ele tem, e muito; mas está naquele período crítico em que a marra é maior que o futebol. Joga-se ao chão ao menor contato, provoca os adversários e depois se queixa de estar sendo perseguido, já fala de si na terceira pessoa (“tudo é contra o Neymar!...”). Sou fã do seu talento, mas receio que desça pelo ralo, como já desceu o de muitos outros tão talentosos quanto ele. Mas depois virá outro. É impressionante a capacidade do Brasil de produzir, e de destruir, craques de futebol.

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