Dias atrás tive um excelente papo online, de mais de duas horas, com o jornalista e professor Rômulo Azevedo e a jornalista e pesquisadora de cinema Maria do Rosário Caetano. Os dois são meus amigos de longa data, e foi um papo descontraído (e desconstruído) sobre a “Sétima Arte”.
https://www.youtube.com/watch?v=-ngq81cUEEk
Edison não inventou o cinema, mas inventou o disco de
vitrola – e achava que aquela voz gravada serviria para ajudar no estudo de
idiomas. Não lhe passou pela cabeça que dali surgiria a indústria trilionária
da canção popular.
É a velha história – a gente semeia vento e colhe energia
eólica.
Existe algo parecido, agora em 2021, com a indústria dos
videogames. Porque eu acho que o videogame está para o século 21 assim como o
cinema estava para o século 20. A mesma explosão tecnológica, a mesma
rapidíssima evolução ao longo das primeiras décadas. E a mesma incompreensão –
porque os adultos pensam que aquilo é diversão de adolescentes, e porque os
intelectuais pensam que é diversão de gente burra. Pode ser. Mas é a arte do
futuro.
O escritor Tom Bissell, um aficionado, diz que a
linguagem e a técnica do videogame evoluíram, no decorrer de vinte anos, “das
inscrições rupestres à Capela Sistina”. Nem mesmo o cinema evoluiu tão depressa (em
vinte anos, foi de Méliès a Griffith, o que não deixa de ser também uma façanha).
Qual é o problema com os videogames? Para mim é
simplesmente desinformação. E o desdém, o menosprezo, que essa desinformação
acarreta.
As pessoas pensam que videogame é “uns caba correndo e
dando tiro uns nos outros”. A mesma idéia que Seu Zé Francisco tinha sobre os
filmes que exibia em seu cinema. Isso é muito irônico, quando pensamos que o
mundo dos games é tão variado quanto o do cinema. Como explicar a uma
pessoa que na vida só viu meia dúzia de “filmes de carro explodindo” que
existem, além desses, filmes contando histórias de amor? E filmes engraçados? E histórias de dramas
familiares? Ela não vai acreditar.
Os videogames criaram um conjunto formidável de técnicas
narrativas, todas elas baseadas na alternância entre “material pronto” e
“material interativo”. A interatividade é o seu pulo-do-gato. O videogame é um
filme semi-pronto onde você penetra, e onde quem faz o filme andar é você.
Todo mundo tem obrigação de gostar disso? Não. Assim como
ninguém tem obrigação de gostar de Stanley Kubrick ou de Oscarito. O que acontece é que
sempre tem gente pra gostar de alguma coisa, e também o fato incontestável de
que a cada geração que surge o interesse pelas “Artes Interativas” é maior.
Aqui no blog já publiquei uma série de “sinopses
fictícias” para tentar mostrar que variados universos literários e
cinematográficos, já existentes, podem servir de inspiração para a criação de
videogames. Com histórias onde possam aparecer eventualmente cenas de luta ou
de batalha, mas que isso não impede a criação de tipos humanos, a profundidade
psicológica, o retrato de um meio social...
O cinema fez esse trajeto. Por que o game não poderia
fazê-lo?
CyBorges:
https://mundofantasmo.blogspot.com/2011/02/2477-cyborges-game-1122011.html
Macondo,
The Game:
https://mundofantasmo.blogspot.com/2011/11/2727-macondo-game-30112011.html
Grande Sertão: The Game:
https://mundofantasmo.blogspot.com/2011/04/2541-grande-sertao-game-2742011.html
…e outros. As possibilidades, como sempre, são infinitas.
https://mundofantasmo.blogspot.com/2011/02/2477-cyborges-game-1122011.html
https://mundofantasmo.blogspot.com/2011/11/2727-macondo-game-30112011.html
Grande Sertão: The Game:
https://mundofantasmo.blogspot.com/2011/04/2541-grande-sertao-game-2742011.html
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