terça-feira, 5 de junho de 2012

2888) "Game of Thrones 2" (5.6.2012)




A temporada 2 de Game of Thrones encerrou-se com dois episódios bem diferentes. O 9, “Blackwater”, mostrou o cerco de King’s Landing pela esquadra de Stannis Baratheon: a aproximação dos navios, a batalha em mar, a batalha em terra, o triunfo final dos defensores.  Obedecendo a uma unidade de tempo e de espaço que acho ser rara em séries desse tipo, o episódio se pareceu mais com um filme do que com uma série (e a gente diz isso como antigamente dizia: “nesse momento, o filme fica parecendo uma peça teatral”).  No episódio 10, “Valar Morghulis”, a ação voltou a se multiplicar pelas várias aventuras simultâneas. Gente caiu e gente subiu ao poder. Longe dali, pouca gente se importava.

Duas das histórias secundárias ganharam força, e acabam sendo duas investidas de dois gêneros diferentes contra um terceiro que está no poder.  Game of Thrones é uma fantasia heróica de configuração medieval, como as obras de Tolkien e tantas outras. É fantasia no sentido de que decorre num mundo imaginário onde não existem as nações da Terra, as religiões da Terra, as referências da Terra. Dentro dessa estrutura, deverão ganhar força na temporada do ano que vem duas “invasões genéricas”: a espada-e-feitiçaria através de Daenerys, a lourinha dos dragões; e o horror através dos Caminhantes Brancos, os zumbis de além-Muralha.

O seriado tem personagens que na tela, mesmo talvez não tão bem esmiuçados quanto no livro, parecem plausíveis e às vezes surpreendentes, pela malícia do seu pensamento e pela ocasional nobreza de suas ações. A intriga cortesã e todo o xadrez das traições políticas são bem armados, embora alguns personagens ainda sejam muito de-uma-nota-só.  O anão Thyrion perdeu poder mas ganhou respeito entre as tropas, o que nas histórias de conspirações militares sempre ajuda. Robb Stark, o imperador do Norte, tinha provado ser melhor general do que se esperava, e agora vai ter que provar que é marido. A guerreira Brienne está conduzindo Jaime Lannister, numa situação meio sargento-getúlio, rumo a um destino ignorado, porque antes disso pode um matar o outro, ou podem acabar se casando. Os dragões de Daenerys virão aquecer uma possível situação de calmaria, assim que Lannisters, Greyjoys, Starks etc. consigam um naco suficiente do que estão querendo; aí, sai a parafernália Tolkien e entra a de Anne McCaffrey.  A menina Arya viverá mais aventuras dickensianas nas senzalas dos castelos, antes de empunhar a espada e abrir caminho até o rei Joffrey.  E vem por aí uma ameaça de além da Muralha, que vai mostrar um problema de verdade e a enorme infantilidade e irrelevância do jogo dos tronos e do choque dos reis.