Onde os escritores vão buscar suas idéias? Às vezes, com
perdão do clichê, são as idéias que os procuram.
Shirley Jackson (1916-1965) conta, num ensaio de 1958, que decidiu escrever um romance sobre fenômenos parapsicológicos, e, “como tantas vezes ocorre, assim que eu comecei a pensar em fantasmas e casas assombradas todo tipo de coisa começou a chamar minha atenção, ou talvez eu estivesse tão concentrada no livro que tudo que eu via adquiria relação com ele”.
Ela conta que viajou com o marido a Nova York e numa parada de superfície do metrô avistou um prédio, “escuro e horrível no crepúsculo”, e de aparência tão desagradável que não conseguiu tirar os olhos dele. Isso estragou seu passeio, porque toda noite ela tinha um pesadelo com o prédio.
Quando voltou para casa, ela escreveu a um amigo de NY e pediu-lhe que se informasse a respeito dele. O amigo respondeu que teve dificuldade em localizar o prédio, porque ele só podia ser visto da parada do metrô. Tinha sido destruído por um incêndio, no qual morreram nove pessoas, e seus três outros lados eram meras “cascas” arruinadas. E era considerado assombrado, na vizinhança.
Shirley Jackson (1916-1965) conta, num ensaio de 1958, que decidiu escrever um romance sobre fenômenos parapsicológicos, e, “como tantas vezes ocorre, assim que eu comecei a pensar em fantasmas e casas assombradas todo tipo de coisa começou a chamar minha atenção, ou talvez eu estivesse tão concentrada no livro que tudo que eu via adquiria relação com ele”.
Ela conta que viajou com o marido a Nova York e numa parada de superfície do metrô avistou um prédio, “escuro e horrível no crepúsculo”, e de aparência tão desagradável que não conseguiu tirar os olhos dele. Isso estragou seu passeio, porque toda noite ela tinha um pesadelo com o prédio.
Quando voltou para casa, ela escreveu a um amigo de NY e pediu-lhe que se informasse a respeito dele. O amigo respondeu que teve dificuldade em localizar o prédio, porque ele só podia ser visto da parada do metrô. Tinha sido destruído por um incêndio, no qual morreram nove pessoas, e seus três outros lados eram meras “cascas” arruinadas. E era considerado assombrado, na vizinhança.
Jackson continuou a ler e pesquisar sobre fantasmas, e
encontrou numa revista a foto de uma casa que lhe pareceu equivalente ao prédio
de Nova York. Tinha o mesmo ar doentio e decadente. A única informação sobre a
casa era o nome da cidade onde ficava, na Califórnia.
Ela escreveu à mãe, que vivia naquele Estado, para que procurasse alguma pista da casa. A mãe lhe respondeu, surpresa. Sim, ela conhecia aquela casa; tinha sido construída pelo próprio bisavô de Shirley Jackson. Depois de ficar abandonada durante anos, tinha sido destruída por um incêndio, e a crença geral é que tinha sido propositalmente incendiada pelos moradores da cidade.
Ela escreveu à mãe, que vivia naquele Estado, para que procurasse alguma pista da casa. A mãe lhe respondeu, surpresa. Sim, ela conhecia aquela casa; tinha sido construída pelo próprio bisavô de Shirley Jackson. Depois de ficar abandonada durante anos, tinha sido destruída por um incêndio, e a crença geral é que tinha sido propositalmente incendiada pelos moradores da cidade.
O livro dela foi publicado no ano seguinte, com o título de The Haunting of Hill House (1959). É um clássico do romance de terror, que foi filmado por Robert Wise como Desafio ao além (1963; é o filme de terror preferido de Martin Scorsese) e por Jan de Bont como A Casa Amaldiçoada (1999, com Liam Neeson e Catherine Zeta-Jones).
E dá uma resposta (parcial) à pergunta sobre de onde vêm as idéias. Às vezes o escritor está casualmente na “linha de fogo” entre alguma coisa que existe em sua memória inconsciente e alguma coisa com que ele se depara no mundo exterior. Acontece um relâmpago ligando essas duas coisas, e o livro é a foto desse relâmpago.