Cap. 1 – De como Cabrocha Divã tornou-se logo aos 16 anos a bailarina mais notada no corpo de dança do Colégio Paulo VI.
Cap. 2 – De todos os tortuosos caminhos que
Cabrocha Divã teve que trilhar até poder ocultar o nome horroroso de Anilstina
Ferreira da Silva, e tornar-se uma criatura feita de fogo e marketing, uma
força da Natureza.
Cap. 3 – De como sucessivos empresários e sucessivos
ininteligíveis contratos ensinaram a Cabrocha Divã a obediência à letra-da-lei,
fazer sempre o que se comprometera a fazer, para inicial susto seu, mas um
certo alívio por ter finalmente confirmado serem aquelas as regras do
show-business, e dando graças aos céus pelo fato de os testemunhos de
boa-vontade que lhe eram solicitados eram tão de acordo com sua própria índole
que ela bem de gosto pagaria, se lhe fosse exigido, e se tivesse com quê, para
adquirir todas aquelas experiências.
Cap. 4 – De como ela acabou se organizando, graças a Nossa
Senhora da Conceição, aos comprimidos de Maracugina que se lhe tornaram
indispensáveis, e a Fernando Adolfo, um rapaz que entendia de contabilidade e
era um doce de pessoa.
Cap. 5 – De como ela, cada vez mais dependente das
prestidigitações contábeis de Fernando Adolfo, hesitava entre casar com ele e
mandar matá-lo por um pistoleiro.
Cap. 6 – De como ela entrevistou meia dúzia
de pistoleiros tentando achar um em que pudesse confiar, e vejam só o que é o
destino, aparece-lhe pela frente Zé de Crisaldo, assassino regulamentar e frio,
pelo qual ela se apaixona.
Cap. 8 – De como um dia uma bala chapa-branca cruza o cérebro de Zé de Crisaldo e a liberta, ficando ela boquiaberta e devastada diante da extensão do que tinha feito.
Cap. 9 – De como é testemunho do amadurecimento de nossas instituições penais o fato de que Cabrocha Divã foi rapidamente inocentada daquela enfieira de crimes, que na verdade não tinha cometido, meramente inspirado, e conseguiu bons contratos no Casino do Leblon, namorou um vice-presidenciável, ganhou memes impublicáveis, brilhou nos principais talk-shows daquele semestre.
Cap. 10 – De como no auge de sua forma física, aos 28 anos, Cabrocha Divã sucumbiu a uma psicose irreprimível por chocolates, que deflataram sua auto-estima e inflacionaram sua forma física, transformaram-na num espectro regurgitante de si mesma, a tal ponto que ela jogou a toalha e realizou seu verdadeiro sonho, que não lembro mais qual era.