domingo, 24 de setembro de 2023

4985) Dicionário Aldebarã XXV (24.9.2023)




O planeta de Aldebarã-5 tem uma civilização influenciada pelos colonizadores terrestres.  Seu vocabulário exprime as características da natureza do planeta e o seu modo de observar os fenômenos da psicologia e da cultura.  Confiram os verbetes abaixo, recolhidos, meio ao acaso, do Pequeno Dicionário Interplanetário de Bolso.
 
Catrinus – Jogo de salão onde as pessoas improvisam coletivamente uma narrativa. Cada uma tem cinco a dez minutos para narrar em voz alta sua contribuição, usando como “mote” um objeto aleatório retirado de um saco. Retirado o objeto, a pessoa precisa usá-lo como tema para prosseguir a história do ponto em que foi largada pela pessoa anterior. Segue-se assim em rodadas sucessivas até que os objetos se esgotem, e o último deles será usado por quem irá criar o desfecho da história. 
 
Nandei – Nome de um tipo de prensa metálica usada para prensar diferentes tipos de folhas vegetais, de diferentes árvores e arbustos, para a fabricação de uma “tela” especial onde serão aplicadas pinturas abstratas muito apreciadas para decoração de aposentos. 
 
Some-Sime – Empregado (geralmente um rapaz ou moça adolescente) que trabalha para as famílias de uma rua inteira, fazendo pequenas tarefas e com direito a comer e dormir em qualquer uma das casas, de acordo com sua conveniência. Essa processo dura um ano e é considerado um rito de passagem, porque um some-sime entrega correspondências, lava pratos, bota crianças para dormir, apara mato, ajuda a arrumar móveis e a costurar roupas, cozinha, serve à mesa, cuida de doentes, faz trabalhos de marceneiro, pedreiro, etc. 
 
Nelones – Caixinhas de pedidos colocadas em lugares públicos. A pessoa deposita uma moeda, coloca um pedido num papelzinho dobrado, e retira outro, aleatoriamente. Quando não pode atendê-lo, coloca o pedido de volta. Se achar que pode atender o pedido, leva-o consigo e depois entra em contato com quem pediu. Grande parte dos pedidos são relativos a utensílios, instrumentos, livros, peças de roupa específicas. 
 
Senkaya: grandes murais pintados nas paredes das escolas de arte, onde gerações sucessivas de estudantes pintam novas formas, figuras e paisagens sobre que foram pintadas pelas gerações anteriores, num movimento perpétuo de substituição e renovação. 
 
Rana-dem-Dur: a sensação de estar usando alguma coisa que não se encaixa bem no nosso corpo ou na nossa personalidade: um sapato pequeno, uma roupa apertada, uma comida muito sofisticada, um veículo muito lento ou muito rápido, um emprego inadequado. 
 
Dreakans: hábito brincalhão, entre pessoas da mesma família ou amigos muito próximos, de no meio de uma discussão acalorada, ao perceber que está havendo um aumento da tensão, uma pessoa começar a cantarolar o que diz, ao invés de simplesmente falar, ao que a outra imediatamente adere, e as duas passam a improvisar um pequeno número musical, totalmente informal e descontraído, com o único intuito de diluir a agressividade e a irritação que começavam a surgir. 
 
Kimbass: Uma espécie de quarto-de-despejo, porão ou sótão existente na maioria das casas, para onde são levados trastes velhos, objetos quebrados mas passíveis de conserto, utensílios ainda úteis mas que foram substituídos por uma versão mais nova, brinquedos, roupas, instrumentos obsoletos. Por extensão, tornou-se um termo para designar o acervo de lembranças ou de fatos irrelevantes que nossa memória acumula ao longo dos anos, e gerou expressões como “Isto aí está no kimbass”, com o sentido aproximado de "Existe, mas é impossível de encontrar”.
 
Vistunyi: crianças de inteligência acima da média, para as quais há uma permissão provisória para que participem de atividades adultas relacionadas ao estudo, ao trabalho e ao lazer, como uma espécie de iniciação precoce ao mundo adulto. Em função disso, precisam fornecer contrapartidas, que vão desde o ensino para outras crianças até a participação em conselhos educacionais e de administração do bairro em que vivem.  
 
Ulfos: almofadas macias, em tamanhos variados, que se usam na cama;  diferentes regiões e diferentes culturas  usam formas de animais ou objetos que podem ter um sentido religioso, erótico, familiar, e há crenças de que durante o sono noturno as entidades que elas representam entram em contato mental com os sonhos das pessoas adormecidas.