Em setembro de 2001, as Torres Gêmeas de Nova York foram
derrubadas por aviões terroristas e o mundo inteiro ficou chocado. Dá para
entender – morreram quase 3 mil pessoas, o prejuízo material foi enorme, e tudo
isto foi obra de um atentado feito com enorme frieza e desprezo pela vida
humana.
Sete anos depois, um atentado de proporções muito maiores, inimagináveis,
foi cometido. Em vítimas fatais deve ter feito um número equivalente; quanto ao
prejuízo material, foi milhares de vezes maior.
No atentado das Torres, algumas centenas de empresas tiveram um forte
abalo. No de 2008, bilhões de pessoas foram (e ainda estão sendo) sacrificadas.
O “atentado” de 2008 foi a queda de dominós provocada por
especulações financeiras de Wall Street e arredores. A coisa explodiu em 2008, mas
os “aviões” já vinham nessa direção há muito tempo. Muita gente alertou, mas o enriquecimento
brutal de alguns milhares de financistas e executivos funcionou como uma
espécie de droga. Estava todo mundo bêbado de dinheiro, todo mundo cheirado de
dinheiro. Dinheiro é a mais viciante das
drogas. Quando veio a rebordosa, milhões de norte-americanos perderam suas
casas, seus empregos, suas economias da vida toda. Se a gente juntar os suicídios, os enfartes,
as mortes por causa da brusca penúria financeira de quem perdeu a poupança de
toda a vida, dá mais vítimas do que a queda das Torres.
O filme Trabalho Interno (Inside Job, 2010) de Charles
Ferguson é um documentário com entrevistas com os envolvidos (claro que nem
todos aceitaram falar) e explicações simples de economia que até um leigo
absoluto como eu entende por alto. O que aconteceu, basicamente, foi que o
governo deixou aos poucos de regular as atividades financeiras e permitiu
operações de alto risco,que enriqueciam os primeiros operadores e deixavam a
conta para ser paga por quem viesse depois. É o famoso golpe da “pirâmide” (ou
“Ponzi scheme” como se diz em inglês) que no Brasil se conhece tão bem.