(foto: Sebastian Thrun)
Circulou na Internet uma foto tirada por Sebastian Thrun, um
dos tuxaus do Google. Na foto, ele está
num gramado, num dia de sol, segurando as mãos do seu filho pequeno e girando
em círculo, fazendo o guri rodar suspenso sem tocar o chão, bem depressa. Quem já brincou com crianças sabe o quanto
elas gostam disso. (Uma das piores coisas de ficar adulto é não dispor de
gigantes com o dobro do nosso tamanho pra fazer essas brincadeiras com a
gente.) O que diferencia esta foto de tantas outras é que não foi tirada à
distância por uma terceira pessoa (a mãe, p. ex.), mas pelo próprio Sebastian
enquanto brincava com o garoto. Vemos as
duas mãos dele segurando as mãos do menino, e o rosto deste, tendo o gramado ao
fundo. Thrun estava usando a nova tecnologia que eles chamam de Google Glass,
um par de óculos especiais que funcionam também como câmara. Se Sebastian
estivesse usando uma câmara normal, ele só poderia captar o riso feliz do
garoto segurando-o com apenas uma mão, porque precisaria da outra para apertar
o botão da câmara. (Pra mim ainda não ficou claro de que modo o disparador da
câmara é acionado, embora haja menções ao aplicativo Siri usado nos smartphones
Android, em que o comando é dado pela voz.)
Óculos que fotografam são uma possibilidade interessante
para um futuro próximo. A questão reside apenas em transferir para as lentes
(com o hardware embutido na armação) uma porção dessas funções atualmente
contidas num smartphone. Neste artigo (http://on.io9.com/KtQo8Y) já se discutem
aspectos polêmicos deste uso: espionagem, invasão de privacidade, terrorismo
(fotos de lugares estratégicos tiradas às escondidas, etc.). Situações assim geram dois problemas: o uso
mal intencionado, e a repressão a pessoas bem intencionadas que estão simplesmente
usando seus óculos sem intenção de prejudicar ninguém, assim como quem leva seu
canivetezinho numa viagem aérea sem pretender sequestrar o avião.
Para mim, o uso
jornalístico e documentarista dessa engenhoca seria o mais importante. Uma câmara nos óculos, acionada por uma
sílaba-senha dita em voz alta, pode ser de grande utilidade em momentos de
urgência. (Como se sabe, nenhum disco
voador espera que você retire a câmara guardada na mochila.) Poderia haver até mesmo uma câmara de filmar,
remetendo em tempo real para o meu blog, por wi-fi, a manifestação pública de
que participo, a festa onde estou me divertindo, um jogo de futebol que estou
vendo, uma pessoa a quem entrevisto. A quantidade de imagens gerada no mundo
continuará a crescer exponencialmente.
Imagens invisíveis, porque não haverá gente bastante, tempo bastante
para que alguém as veja.