A
função de um antologista ou de um crítico os obriga a equilibrar o seu gosto
com um conjunto diferente de expectativas.
Sua leitura, sem deixar de ser uma leitura pessoal, tem também uma visão
coletiva, porque sua função naquele momento tem algo de normativo, de definidor
de parâmetros. Uma antologia que usa a
expressão “Os melhores...” tende a transformar seus contos em sinalizadores. Os
escolhidos de hoje são os imitados de amanhã.
Em casos assim, a preferência pessoal dá um passo atrás e cede a vez a
uma preocupação mais ampla. O crítico
não está premiando unicamente o que lhe agrada, mas o que lhe parece mais
necessário e mais enriquecedor para o conjunto da literatura, naquele momento
específico.
A
antologia Os Melhores Jovens Escritores Brasileiros, organizada pela Editora
Alfaguara e revista Granta, definiu uma série de limites para participação (autores
até 40 anos, com pelo menos um conto publicado, que enviassem um conto
inédito). Recebeu 247 originais, e os
sete jurados (entre os quais há amigos meus) escolheram 20. Mesmo considerando
que estes 20 fossem superiores aos 227 restantes, é perfeitamente justo
imaginar que existem no Brasil outros 20 autores, ou outros 200, igualmente
bons e que por alguma razão não se inscreveram.
(Não li a antologia, e não tenho motivos para supor que os contos não
sejam bons.)