(foto: Dani Barcellos)
Estive na 59a. Feira do Livro de Porto Alegre,
para dois compromissos dentro do evento Tu Frankenstein, dedicado à
literatura fantástica. O primeiro, um bate-papo com Duda Falcão e João Pedro
Fleck, organizadores do evento, e os tradutores César Alcázar e Guilherme
Braga. O outro, um desafio curioso. Como sabem os fãs da literatura de terror,
em 1816 os poetas Lord Byron e Percy Shelley (este com sua noiva Mary) se
encontraram na mansão do primeiro, às margens do Lago Genève (ou Lago Leman),
na Suíça. Numa noite chuvosa, eles e mais alguns convidados propuseram uns aos
outros o desafio de cada um escrever uma história de terror. Algum tempo
depois, surgiram dois clássicos da literatura fantástica: O Vampiro, de John
Polidori (um dos amigos presentes, e médico pessoal de Byron) e Frankenstein,
ou o Moderno Prometeu de Mary Shelley.
O desafio gaúcho, chamado informalmente “Lord Byron’s
Night”, consistiu em colocar 18 escritores para passar uma noite em claro
dentro da Biblioteca Pública de Porto Alegre (que está fechada para
restauração), sem poder sair, sem conexão de Internet, da noite do sábado até o
amanhecer do domingo, com o compromisso de cada um entregar, no fim do prazo,
um conto de terror. Temas e ambientação foram deixados a cargo de cada um; a
única exigência era que a Biblioteca aparecesse, fosse como local da história
(em parte ou no todo), ou por conter uma livro ou documento que iria
desencadear o enredo, etc. No andar térreo, um bufê com sanduíches, salgados,
refrigerantes, café e cerveja – para manter todo mundo inspirado e desperto.
A Biblioteca é mais antiga, mas o prédio atual, em reforma,
é de 1922, e tem paredes, tetos e decoração extremamente interessantes.
Iluminação indireta criava um ambiente soturno. O grupo de escritores incluía
os argentinos Federico Andahazi (autor de O Anatomista) e Gustavo Nielsen, o
francês Alexis Aubenque, os norte-americanos Sean Branney e Christopher
Kastensmidt (este radicado no Brasil há 12 anos), e os brasileiros Felipe
Guerra, João Pedro Fleck, Duda Falcão, Marcelo Amado, Celly Borges, Guilherme
Braga, Cesar Alcázar, Carlos Patati, Bráulio Tavares, Simone Saueressig, Felipe
Castilho, Max Mallmann e Carlos André Moreira. Os contos deverão ser reunidos
numa antologia com lançamento previsto para a 60a. Feira, daqui a um
ano.