sábado, 9 de dezembro de 2023

5010) Seis animais estranhos (9.12.2023)




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Na Austrália setentrional pode ser encontrado, com o auxílio de guias aborígines, um roedor chamado por eles de niawohl (pronúncia: “ni-Á-wohl”) e que os colonos ingleses acostumaram-se a chamar de open-hand (“mão aberta”). Trata-se de um tipo raro de aracnídeo, de seis patas, e sua aparência lembra uma mão peluda que se movimenta com surpreendente rapidez e agilidade. O animal alimenta-se de cascas de árvores e de pequenos insetos. É sensível à luz solar mas precisa de calor, de modo que muitas vezes é encontrado nas proximidades de fogueiras, fornos, caieiras, etc. É inofensivo aos seres humanos, a não ser quando atacado, o que acontece às vezes pelo seu hábito de se aconchegar a pessoas adormecidas, em busca de calor corporal. 

 

2

O passarinho-bêrde é uma ave esquiva, com plumagem esverdeada de uma coloração uniforme e inconfundível que se estende até o bico e as patas. Como tem muitos predadores, é um alvo preferencial dos observadores de pássaros e dos fotógrafos, que muitas vezes passam dias no campo à espera de um avistamento. Tido como sinal de boa sorte pelas populações rurais, é uma espécie considerada “vulnerável” pelas entidades ambientais, e tem seus habitats mais típicos na Península Ibérica e nas Ilhas Britânicas. 

 

3

A cobra-bainha pode ser encontrada em certas áreas do Brejo paraibano, e da região vizinha do Curimataú. É um réptil típico de regiões úmidas, férteis, abundantes em pequenos roedores que são seu alimento principal. O aspecto mais curioso dessas serpentes é que quando mudam de pele elas, ao contrário de outras espécies, não abandonam a pele antiga, mas a guardam cuidadosamente dentro de suas tocas ou de seus abrigos. Quando ameaçadas ou sentindo-se em perigo, as cobras-bainhas voltam a se enfiar no interior da pele velha e ali se mantém imóveis. Segundo os zoólogos, é um mecanismo instintivo de camuflagem e auto-proteção, que torna esta espécie bastante distinta de outras que, mal saídas da pele antiga, se dedicam a devorá-la. 

 

4

O lagarto come-lixo, espécie nativa da Guatemala, apesar de tecnicamente ser um lagarto tem o corpo rotundo e a pele rajada de um sapo, além de uma boca descomunal munida de dentes serrilhados. Animal de hábitos soturnos e introspectivos, prefere manter-se imóvel por longos períodos de tempo, desde que haja alguém para alimentá-lo. Em vista disso, as populações rurais costumam criar um ou dois deles no fundo do quintal, em curraizinhos feitos com troncos de bananeira, e todo o lixo produzido na casa é levado para os lagartos, que o devoram imediatamente. São capazes de comer (além de restos de refeições, cascas de fruta, etc.) pano, papel, plástico, alguns tipos leves de madeira. Tê-los em casa é uma maneira prática de se livrar do lixo doméstico, mas por outro lado é preciso produzir esse lixo constantemente, pois com apenas algumas horas de jejum os come-lixo se inquietam e manifestam a tendência de invadir a casa, mastigando tudo que lhes aparecer pela frente. 

 

5

A buba é um peixe típico do Oceano Índico, com tamanho médio de trinta centímetros e carne saborosa. Seu traço característico é uma bolha inflável, uma espécie de air-bag orgânico que ela conduz, dobrada e oculta, junto à cauda. Ao se sentir perseguida por um predador, ela começa a inflar essa bolha, cuja face interior é percorrida por uma complexa rede de vasos sebáceos, que se dilatam e pulsam quando estimulados, fazendo a bolha aumentar muito de tamanho e adquirir a aparência de uma posta de carne suculenta. Quando o predador crava ali os dentes, eles ficam presos à gosma pegajosa secretada por aqueles vasos, e não consegue nem mastigar nem libertar a boca. A buba, cujo corpo é longo e flexível como o de uma enguia, volta-se sobre si mesma e ataca a cabeça do predador com seus dentes longos e pontiagudos, do tamanho de alfinetes.  

 

6

O gambaju é um artrópode encontradiço na ilha de Madagascar, tendo seu habitat preferido entre ruínas e encostas pedregosas. A principal curiosidade a seu respeito é o seu modo único de crescimento. Seu corpo é dividido, como ocorre com as centopeias, em cabeça e vários segmentos mais compridos, alguns deles com um par de pernas, outros com dois. Ele cresce a partir da parte posterior da cabeça, que periodicamente começa a emitir um pedúnculo mais fino (chamado “pescoço” por alguns), o qual gradativamente adquire uma cobertura quitinosa protetora. Enquanto isto, o último segmento começa a ficar opaco, descolorido, quebradiço, e por fim resseca e se desprende espontaneamente do corpo, quando o novo segmento junto à cabeça adquire a maturidade.