O atentado a bomba na Maratona de Boston e o subsequente
cerco policial aos irmãos chechenos Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev estão sendo
tomografados e dissecados na Internet. Muita gente questiona as explicações
oficiais . Os mais veementes bradam que foi tudo mentira, tudo encenação, tudo
é uma conspiração entre o Governo e algumas agências secretas, obscuras, cujos
propósitos não podem ser coisa muito boa para qualquer país.
Acham que os irmãos entraram como bodes expiatórios. Que
parte dos feridos eram atores, manchados de sangue artificial, que as
verdadeiras bombas foram colocadas por outras pessoas, que Tamerlane foi preso
vivo e chegou morto ao hospital, etc.
Há um vídeo absurdo, não explicado, em que ele (supõe-se que seja ele)
aparece nu, algemado, entrando na viatura. E dizem que morreu no tiroteio,
inclusive atropelado pelo irmão na fuga? Assim como o que ocorreu no 11 de
setembro, há um matagal de coisas mal explicadas.
Já notei que os mais entusiastas defensores das Teorias da
Conspiração são os jovens. Sua virtude é duvidar de tudo, seu defeito é crer de
tudo, e passam de um para o outro com uma facilidade assombrosa. Sei disso
porque fui e creio até que ainda sou um deles, dos que se apaixonam por uma
teoria não pelo seu teor profético ou antecipatório, mas pela beleza da
cambalhota mental de quem a fez. Uma teoria tem que ser como uma paranóia; um
arranjo de idéias tão de-ferro que ninguém consiga produzir-lhe um “dente”; e
tão flexível que assimile tudo, justifique tudo.
Os jovens acabaram de fazer a transição traumática entre
certas crenças de criança e certas verdades de adolescente. Descobrem que foram
frequente e variadamente enganados por pais, professores, presidentes. Desse
dia em diante sua vida é regida por Kafka e George Orwell. Eles não acreditam e não confiam mais em
ninguém.