Nas
discussões sobre o livro eletrônico (os Kindles, e-books e assim por diante)
tem havido uma ênfase muito grande sobre o modo como essa nova mídia vai afetar
a Literatura. Fala-se, p. ex., no perigo da disseminação rápida e incontrolável
de versões não-revisadas (ou cheias de erros) de clássicos literários. O erro
não é privilégio do texto eletrônico: eu tenho antologias-de-papel de Drummond
e de Augusto dos Anjos, lançadas por editoras respeitáveis, com erros de
revisão, versos fora do lugar, etc. Fala-se,
pelo lado positivo, na possibilidade de versões em hipertexto (edições
críticas, p. ex.) desses mesmos clássicos, pois o livro eletrônico permite
encher um texto de notas, observações, variantes, links informativos, etc., e
esconder isso tudo com um simples toque numa tecla. Quando o leitor quiser ter
acesso a isto, outro toque e o material crítico reaparece. Pra mim, isso é uma
maravilha.
Existe
outro departamento, contudo, onde o livro eletrônico tem tudo para crescer: é o
livro didático. Pensem em livros de
Matemática, Biologia, Física, História, Geografia, Química, em que seja
possível ramificar e ampliar indefinidamente a discussão de cada assunto.
Pensem na possibilidade de livros didáticos que se tornem mini-enciclopédias em
processamento constante, atualizando conteúdos (principalmente nas ciências
humanas – História, Geografia, etc.). Pensem em livros eletrônicos de
Matemática ou Física em que os problemas possam ser organizados de diferentes
maneiras – por grau de complexidade, por tema, etc. Pensem na possibilidade de
estudar Química ou Geometria com pequenas (e baratíssimas!) animações através
de Flash ou de imagens Gif.