quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

3073) Ser brasileiro (3.1.2013)




(Tarsila do Amaral)


Manuel Schneider é um alemão que mora em Curitiba e tem um blog (em inglês) sobre assuntos variados (aqui: http://bit.ly/X5SsHF). Numa postagem recente, ele enumerou 100 características dos brasileiros que lhe chamam a atenção, e na grande maioria ele acerta na mosca. Muitos são os clichês de sempre – a paixão dos brasileiros pelo futebol, pela caipirinha, pela praia, pela música. Mas é sempre útil a gente saber como alguém nos vê de fora. Sempre com a ressalva, é claro, de que dizer “os brasileiros” é uma espantosa generalização. O próprio autor percebe isso indiretamente quando diz, em seus itens numerados: “45. Os brasileiros parecem achar que os alemães bebem cerveja morna e comem salsicha (e chucrute) todos os dias. 46. Os brasileiros acham que os franceses jamais tomam banho”.

Ele diz: “22. É uma prática comum dos brasileiros cancelar encontros na última hora. Por sorte, ninguém nunca fica aborrecido com isto”.  Parece com aquela antiga máxima (que eu aprendi na própria Bahia) de que a maneira mais fácil de se esconder de um baiano é marcar um encontro com ele e comparecer. Dizer que ninguém se chateia é generalização (eu me chateio, e muito), mas eu diria que a gente sempre está preparado para essa eventualidade, e em geral já tem um “plano B”. O europeu não imagina que isso aconteça, e é pego de surpresa.

Outra que achei curiosa: “38. Brasileiros adoram compartilhar pizza. Nunca vi ninguém aqui comendo uma pizza sozinho”. Isto bate exatamente com a minha experiência pelo sentido oposto, porque sempre considerei a pizza um prato coletivo. Uma pessoa sentada sozinha num restaurante comendo uma pizza me chamaria a atenção.

Diz Schneider: “64. Já encontrei uma quantidade inacreditável de brasileiros que trabalham com enorme eficiência durante longas horas e estudam à noite ou nos fins de semana”. Eu concordo, e acho injusto quando nos comparam com coreanos ou japoneses que estudam/trabalham 16 horas por dia ou sei lá quanto. O mito de que o brasileiro não gosta de estudar nem de trabalhar é uma idiotice.

Mais um: “74. Os brasileiros são um povo muito flexível; eles tendem a mudar de emprego de 6 em 6 meses”.  O número em si é uma mera abstração, mas já vi muitos amigos estrangeiros impressionados com o modo como mudamos de vida sem muito problema e estamos sempre prontos para zerar tudo e recomeçar. O brasileiro adora ser freelancer, ser autônomo, fazer de tudo. Melhor do que isso só ser funcionário público com um belo salário (o que ele reconhece no item 69). E finalmente uma que achei divertida: “53. Nem todas as mulheres brasileiras são extremamente ‘quentes’. Algumas são apenas ‘quentes’”.