A lojinha de
velhos vinis e CDs era larga mas atravancada, abafada, de teto baixo.
Prateleiras e balcões cheios de velharias. Aqui e acolá, uma preciosidade. Uma
mocinha bonita começou a passar lá de vez em quando, aparentemente quando saía
do escritório para almoçar. Ficava mexendo nos vinis de jazz. Lauro, o dono da
loja, fantasiou nela uma intelectual que lia poesia em inglês e sabia escolher
vinhos. Um dia ela foi para o balcão de axé e lá se deteve. Ele não resistiu e
foi perguntar se ela gostava daquilo. “Não,” disse a moça, “é que hoje o
ventilador está virado pra cá.”
Paulo Jatobá,
sertanejo, soldador, 47 anos, irrompeu furibundo num bar e fuzilou com cinco
tiros seu vizinho Nestor Sá, 61 anos, aposentado, conhecido como Nestor
Merdinha, o qual havia entreouvido numa conversa doméstica a esposa recente do
dito Paulo, Marilinha da Silva, 20 anos, afirmar que era virgem, e saiu
depreciando tanto o caráter da madame quanto a virilidade do esposo, por não
ter entendido que se tratava meramente de uma comparação zodiacal entre
donas-de-casa ociosas.
O pai leva o
filho a um evento de mangás, RPGs, quadrinhos, com dezenas de estandes,
milhares de pessoas, numa balbúrdia indescritível. A certa altura o garoto
volta para junto dele, puxa sua camisa, excitado: “Pai, me dá cinco e
cinquenta!”. Ele dá uma nota de dez, manda guardar o troco, volta a conversar
com os amigos. Daí a pouco olha e vê o garoto num estande afastado, com
expressão arrasada, quase chorando. Vai até lá e vê a vendedora segurando um
álbum imenso, quase 500 páginas, e explicando ao guri: “São cento e
cinquenta...”
A piriguete, em
plena viagem turística acompanhando turnê da banda de forró Abaixa Que Eu
Levanto, entra no hotel, pega a chave na recepção, sai batendo com os saltos
altos no piso, rebolando dentro do shortinho. Entra no elevador, fala com
autoridade para o ascensorista gordo e cinquentão: “Vamos para o quarto, por
favor.” Ele responde: “Pois não, senhora. Em que andar fica?...”