O aumento exponencial de textos eletrônicos disponíveis e gratuitos
causa uma euforia sem limites e um pessimismo sem volta. Centenas de milhares
de livros, milhares de filmes, milhões de músicas! Tudo ao alcance de um clique, de graça! O único senão é o fato de que o dia continua tendo apenas 24
horas. Nosso tempo de leitura é o mesmo
de que dispunham os leitores do século 18, ou mesmo os leitores da Grécia
Antiga (e mesmo eles certamente se queixavam de que “não dava pra ler
tudo”). Esse “não dá pra ler” é
relativo, e não faz muita diferença. Digamos que eu conseguisse ler um livro
por dia; seriam 30 livros por mês. Se
meu limite é esse, não faz muita diferença se estou deixando de ler 100 livros
ou um milhão. Leio trinta, e acabou-se.
A questão é: Que trinta?
Porque era mais fácil escolher trinta entre 100 do que trinta entre um
milhão. Não teríamos desculpa para estar lendo algo a contragosto, porque
teríamos acesso, se não a tudo, pelo menos a uma quantidade inesgotável de
obras que de fato queremos ler. Tem
muitos leitores de bibliotecazinhas humildes do interior, mundo afora, que
ficam relendo seus autores preferidos, ou avançando aos bocejos por entre obras
que não lhes interessam, apenas porque não aparecem livros novos.
E como ter acesso a informações novas, a autores que ainda não
conhecemos? Cory Doctorow (do saite BoingBoing) diz: “Twitter e blogs são a
única maneira de administrar a enorme quantidade de material disponível. Sem
isto, ninguém sairia de sua órbita de contatos sociais, ninguém trocaria idéias
com os milhões de pessoas que conhecem outros milhões, os polinizadores que
pegam uma informaçãozinha aqui e levam para acolá. Sem eles, a conversa
morreria. Essas pessoas garantem que o que é realmente bom acabará chegando ao
topo da pilha e ficando acessível”.