Assim
como os cristãos têm uma tendência a ver a figura de Jesus em manchas de
infiltração na parede, pedaços de pão cobertos de mofo, carapaças de caranguejo
e outros suportes improváveis, o pessoal das Teorias da Conspiração costuma
enxergar Satanás a torto e a direito. O ótimo site “io9” publicou há pouco as
fotos de um local no Cazaquistão onde teria sido avistado “um Pentagrama
diabólico” traçado em escala gigantesca na paisagem. Quem vê essas coisas,
provavelmente, são adolescentes e aposentados com tempo para passear o dia
inteiro no Google Earth e descobrir coisas suspeitas na paisagem, assim como
tem gente que passa o dia inteiro filmando o céu e encontrando objetos que voam
e que eles não são capazes de identificar.
Pentagrama,
ou pentáculo (também pentaclo) é o termo que descreve a estrela de cinco
pontas, às vezes inscrita num círculo. É essa a imagem que o pessoal flagrou no
Google Earth, de uma altura de 400 metros ou 1.200 pés. (Aqui: http://bit.ly/1crYTRs.) Autoridades do
Cazaquistão explicaram que se trata de um parque circular, cortado por alamedas
(margeadas por algumas árvores, bem visíveis na foto) que traçam a forma de uma
estrela. Como a obra data dos anos da União Soviética, é normal o uso da
estrela, bastante comum em bandeiras e símbolos da época.
Teorias
conspiratórias e místicas fazem o tempo todo esse tipo de leitura de formas e
números elementares. A estrela de cinco pontas pode ser um símbolo satânico,
mas pode ser também a estrela soviética, a estrela da Texaco, a estrela do
xerife do faroeste, a estrela dos Tupamaros, e mais uma porção de coisas. (Algum
tempo atrás, alguém descobriu pentagramas no mapa de Washington D.C.; qualquer
cidade com traçado paralelo e avenidas oblíquas pode estar coberta de
pentagramas, dependendo do ângulo de inclinação dessas diagonais.) Pessoas com
manias de números atribuem sentidos cabalísticos ao 3, ao 7, ao 12 e assim por
diante, e não lhes faltam exemplos, porque não nos faltam milhares de casos em
que esses números aparecem, por serem números básicos. (Quero ver gente me
apontar a presença reiterada, na natureza ou na cultura, de números como o 611
ou o 1573.)