terça-feira, 14 de maio de 2013

3186) 16 mistérios (15.5.2013)




De quem era o número de telefone que o detetive Kingsley levava anotado num papel quando foi abatido a tiros na esquina de Oitava Avenida com rua 43? 

O que pretendiam os ladrões que arrombaram o Rijksmuseum em abril de 1976, sem nem sequer tocar em inúmeras telas valiosíssimas, e roubando apenas a obscura Telêmaco brinca na praia (1825) de Jacobo Mirotsky, que nunca foi recuperada? 

Por que motivo os mergulhadores do litoral paulista examinam todos os galeões naufragados naquela região, mas por uma espécie de consenso silencioso não se aproximam jamais dos restos da nau de Afonso Quartim, afundada por uma tormenta em 1647?

Quem deixou aberta naquela noite a janela do lado do motorista do carro do Dr. Sérgio, facilitando o posterior arrombamento e o roubo do aparelho de som onde ele, na volta para casa, deixou plugado o pendraive onde estava gravada a reunião dos acionistas, encerrada há pouco? 

Em que base militar sub-orbital estão vivendo e sendo analisados pela ciência a tripulação e os passageiros do “Mary Celeste”? 

Quem foi o homem preso num buraco e executado às pressas em nome de Saddam Hussein? 

O que disse Heloísa Binelli na longa mensagem de 11 minutos que deixou gravada na secretária eletrônica de seu noivo Rafael, antes de se suicidar, e que ele, sem perceber, apagou sem ouvir?

Quanto custou, afinal, a fazenda que Alípio Monteiro vendeu ao próprio sogro, e com o dinheiro recebido comprou a própria fazenda de volta e mais duas? 

Quem construiu as enormes plataformas submarinas com degraus por onde poderiam subir milhares de pessoas, e que hoje jazem submersas no Mar do Japão? 

Por que a palavra “adumptarelli” desapareceu do italiano moderno mercê de um simples decreto de um Papa no século 18? 

Onde está escondida a correspondência entre Lee Oswald e Jack Ruby nos seis meses que precederam o Caso Kennedy?

Quem estrangulou, no trajeto entre o 33o. andar e o térreo, o ascensorista encontrado morto no elevador do prédio da Sears na praia de Botafogo?  

Por que Nilcéia disse a Raimundo que não era prima de Rute, sem saber que ele conhecia a família dela e achou que mentindo ela revelava ter preconceito racial? 

Em poder de quem estão atualmente as máscaras de chumbo usadas por Manoel Pereira e Miguel Viana quando morreram em 20 de agosto de 1966, em Niterói? 

Quando será descoberto o cofre de mogno enterrado pelo coronel Pamplona embaixo da soleira de sua fazenda em Mirassol, contendo cartas e diários escritos por ele durante a fracassada Revolução da Foice? 

Como foi decidida a demarcação de fronteiras que cedeu ao Brasil o Pico da Neblina, com todas as consequências geopolíticas que isso terá no século 22?










3185) Viva o Socialismo (14.5.2013)




(Antonio Cândido)


Uma entrevista recente do crítico literário Antonio Cândido (http://bit.ly/qVH0r1) ao jornal Brasil de Fato andou dando o que falar nas redes sociais, onde há muita gente que ouviu o galo cantar e não apenas não sabe onde, mas desconhece o que seja um galo e o que seja um cocoricocó. Pensa que ouviu a buzina de um carro. 

Cândido afirmou, com a simplicidade com que fala de literatura, que o socialismo é uma doutrina triunfante, porque deve-se a essa doutrina a maior parte das conquistas sociais coletivas do nosso tempo. 

Muita gente acha que “ser triunfante” é conquistar o Poder, a Presidência da República, o Trono, ou então ter mais dinheiro, mais bancos ou mais exército.

Diz Cândido: 

“O que é o socialismo? É o irmão-gêmeo do capitalismo, nasceram juntos, na revolução industrial. É indescritível o que era a indústria no começo. Os operários ingleses dormiam debaixo da máquina e eram acordados de madrugada com o chicote do contramestre. Isso era a indústria. Aí começou a aparecer o socialismo. 

Chamo de socialismo todas as tendências que dizem que o homem tem que caminhar para a igualdade e ele é o criador de riquezas e não pode ser explorado. Comunismo, socialismo democrático, anarquismo, solidarismo, cristianismo social, cooperativismo... tudo isso. Esse pessoal começou a lutar, para o operário não ser mais chicoteado, depois para não trabalhar mais que doze horas, depois para não trabalhar mais que dez, oito; para a mulher grávida não ter que trabalhar, para os trabalhadores terem férias, para ter escola para as crianças. Coisas que hoje são banais.”

Se alguém fosse esperar que os capitalistas criassem creches, dessem plano de saúde, garantissem salário-mínimo e carteira assinada, etc., ia morrer ao relento. O Capitalismo só fez essas concessões porque foi pressionado pela ameaça socialista; preferiu entregar os anéis para não perder os dedos. 

O Capitalismo, então, é a encarnação do demônio? Não: é a encarnação do Homem, de seu impulso de criar, de competir, de produzir, de crescer, de ser melhor, de ser maior, de lutar, de acumular e multiplicar. Só que esse é o nosso lado egoísta, individualista, reptiliano. Precisa ser contrabalançado pelo nosso lado gregário, solidário, compassivo, capaz de enxergar os interesses do grupo e não apenas os do indivíduo. Um equilibrando o outro.

Sem o Capitalismo, seríamos um mundo materialmente miserável. Sem o Socialismo seríamos modernos, sofisticados, auto-suficientes, mas capazes de vender a mãe a um bordel e o filho recém-nascido ao tráfico de órgãos, se isso nos proporcionasse um decimal a mais de lucro, uma dose a mais da droga chamada Dinheiro.