Saiu
finalmente no Brasil a primeira tradução integral de um clássico da literatura imaginativa:
a Antologia da Literatura Fantástica (Cosac Naify, 2013), organizada a seis
mãos por Jorge Luís Borges, Adolfo Bioy Casares e Silvina Ocampo. Esta
antologia teve um certo impacto na literatura argentina quando saiu em 1940, e
um impacto muito maior com a sua segunda edição aumentada em 1965, quando
Borges já havia ganho em 1961 o Prêmio Formentor, que o deixou famoso no mundo
inteiro. A história tortuosa dessas edições (e da edição em inglês, The Book
of Fantasy, com repertório de contos substancialmente diverso) é contada aqui
num posfácio de Walter Carlos Costa. Outro posfácio desta edição da Cosac Naify
é assinado por Ursula LeGuin – é o texto incluído na edição em inglês, onde a
autora de Os Despossuídos faz especulações sobre os diferentes usos do termo
“fantasia”.
Esta
edição é uma beleza de livro, com uma capa multicor e chamativa (onde o título
e os nomes dos autores, infelizmente, ficam quase invisíveis) e um belo projeto
gráfico que ajuda a leitura. São 75 textos, onde fica bem claro que os
organizadores não estavam nem aí para os critérios convencionais de antologias
de contos. Eles incluem trechos de romances (alguns com apenas 3 ou 4 linhas), fábulas
tradicionais, diálogos teatrais (“Um lar sólido” de Elena Garro, “Uma noite na
taberna” de Lord Dunsany, “Onde a cruz está marcada” de Eugene O’Neill);
colocam mais de um texto de um mesmo autor; incluem textos deles próprios. É
claramente um trabalho feito por prazer, sem muita preocupação com as opiniões
alheias. Por isso, tornou-se um livro único, inimitável. No prefácio, Adolfo
Bioy Casares faz um esboço de classificação de temas e teoriza um pouco sobre o
gênero, que ele próprio praticou com bons resultados.