Estou me devendo há algum tempo um comentário sobre a
coleção Clássicos Zahar, que essa Editora vem lançando há algum tempo. São
títulos que a gente pode chamar de clássicos populares – aqueles autores que
hoje ocupam um lugar mais ou menos respeitável nas Histórias da Literatura, e
que ao mesmo tempo produzem livros fáceis de ler, bem escritos, histórias
interessantes contadas de um jeito envolvente. Livros que foram para minha
geração o que Harry Potter e O Senhor dos Anéis têm sido para os mais
jovens.
São todos livros em domínio público (autores falecidos há
mais de 70 anos, de um modo geral). Isso significa que a editora economiza os
10% de direitos autorais que se paga sobre o preço de capa. Algumas editoras
aproveitam isso para aumentar sua margem de lucro. Outras reinvestem isso, ou
parte disso, em traduções caprichadas, prefácio e introduções, notas críticas e
comentários ao texto, reprodução de ilustrações da edição original.
É mais ou menos o que tem feito a Zahar, numa série de
clássicos em capa dura, como O Corcunda de Notre Dame de Victor Hugo
(tradução, apresentação e notas de Jorge Bastos, ilustrações da edição
original) ou O Conde de Monte Cristo de Alexandre Dumas, com tradução
(vencedora do Prêmio Jabuti) de André Telles e Rodrigo Lacerda, uma edição de
bolso com 1.663 páginas. Os mesmos tradutores verteram (e comentaram) A Mulher
da Gargantilha de Veludo e outras histórias de terror, também de Dumas.
Já falei nesta coluna sobre as aventuras de Sherlock Holmes
editadas e comentadas por Leslie Klinger; as notas são copiosas e, embora
alguns críticos as considerem supérfluas ao texto em si, valem como uma
profusão de janelas hipertextuais sobre a Inglaterra, sobre Conan Doyle, sobre
a Ciência, a História e a Geografia da época. Na minha pilha de leitura está
aqui do lado O Lobo do Mar de Jack London, que nunca li, e que tem tradução
de Daniel Galera, apresentação de Joca Reiners Terron, notas e glossário de
Bruno Costa.