Acontece hoje em João Pessoa o “XIII Tributo a Otacílio Batista – a Poesia Vive.” Será no Sindicato dos Bancários, às 20 horas, com a presença de poetas e artistas e admiradores da poesia e da grande figura que foi o mestre Otacílio. Será lançado o CD Nas Asas do Uirapuru – Sílvia Patriota canta Otacílio Batista. Eu tentarei me fazer presente com o que vem a seguir.
Um poeta não tem obrigação de ter um nome metrificado. O
registro civil vem muito antes de ele se definir como poeta. Acontece às vezes,
porém, que os pais são amantes da poesia, e sabem o valor de um verso bom. O
nome do poeta já nasce cantando, ele vê a si mesmo entoando uma melopéia,
cadenciando as sílabas: “Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac”. É um verso
alexandrino de doze sílabas, a fórmula mágica do Parnasianismo, do Simbolismo.
O verso que um dia faria Bilac famoso.
Do mesmo modo, há poetas na cantoria de viola que têm seu
nome na cadência inconfundível no martelo – como é o caso de Otacílio Batista
Patriota. Seu nome é um verso de martelo, o decassílabo com acento forte na
terceira, sexta e décima. Lembro de ler pela primeira vez esse nome justamente
como um verso de martelo, fechando com chave de ouro a estrofe famosa de José
Nunes Filho, que encontrei nas páginas de F. Coutinho Filho:
“Eu conheço José Alves Sobrinho / Pedra Azul, João Severo e
Maranhão; / escrevendo poesia tem Cancão, / um nativo da terra de Marinho.
/ Zé Soares, Catota, Canhotinho / Louro
e Pinto, que nesses ninguém bota; / tem José Bernardino em minha nota / tem
Amaro, Dalvino e outros seres, / Generino Francisco dos Prazeres, / Otacílio
Batista Patriota.”
Desses, fui amigo de José Alves, de Louro e de Otacílio.
Viajamos juntos, fui a muitas cantorias dele, de pé de parede, na Paraíba e em
Pernambuco. Acompanhei-o em festivais e congressos. Ria com seus versos
irreverentes. Admirava sua voz clara, precisa, de sílabas bem marcadas, dicção
impecável. Uma vez, numa praça numa capital brasileira, após a noitada de
repentes, vi Otacílio atrás do palco, cercado por uma multidão de fãs querendo
comprar os folhetos e os livros. Entre tantos abraços e fotografias, ele
parecia um Carlos Gardel, elegante, sorridente, atarefado, atendendo a todos.