O Castelo de Bran, na Romênia, está à venda por 73 milhões de euros. Se eu tivesse o dobro disso sobrando, era negócio fechado, na certa. É um castelo interessante, a julgar pelas fotos da matéria num saite português (aqui: http://tinyurl.com/q94ho8a). Duas imagens de um pátio interno lajeado, com um poço circular a céu aberto, para onde convergem claustrofóbicos cubículos, lembram o castelo de Drácula no Nosferatu (1979) de Werner Herzog. O castelo de Bran certamente serviu como modelo cenográfico a Herzog, porque é “o” castelo associado à figura histórica do sequioso Conde. Havia outro, mas virou areia.
O castelo atrai 500 mil turistas por ano mas a manutenção é
cara. Talvez ele valesse hoje apenas um quinto desse assombroso total, se não
fossem os pesadelos que o semi-inválido (na infância apenas) Bram Stoker
suportou, e o livro, em que ele os transfigurou em algo mais deliberadamente
inventado e mais real. O Drácula do
romance de Stoker tem só uma beirinha factual em comum com o Conde Vlad
histórico, mas tal como nos casos de Lampião, Alexandre e outros heróis, o
vulto histórico é uma mera isca, um ímã inicial para produzir o primeiro
movimento da imaginação. Um indez de
idéias.
Sabemos mais fatos históricos a respeito do Vlad Tepes real
do que do Jesus Cristo real, do Homero real, do D. Sebastião real, e nem por
isso estes todos são menos reais para nós.
Seria interessante se um Magomante da Crisoféia Sagrada daquela época
pudesse ter chamado o conde Vlad ao Porão Encantatório, onde lhe mostraria na bola
de cristal que seu nome no futuro estava associado a um dos maiores mitos
satânicos daquele século não muito distante.
O Conde veria passarem no hipnoscópio todos aqueles rostos de dentes
arreganhados, virar-se-ia para o Mago, diria apenas: “Isso não sou eu”. E o
inocente do cientista seria empalado.