segunda-feira, 15 de abril de 2013

3161) Executivos zumbis (16.4.2013)





Um título assim é muito sugestivo para uma comédia de terror, mas a história por trás dele, além de real, é muito pouco cômica. “Zombie Executives” é o termo que está sendo adotado nos EUA para designar CEOs, diretores, etc. de empresas que, mesmo quando a empresa vai mal, não podem ser demitidos.

Numa empresa que tem acionistas, estes votam periodicamente para os cargos de direção e, se o desempenho dos atuais diretores é considerado insatisfatório, eles são substituídos. Afinal, é o dinheiro dos acionistas que eles estão administrando. Ou seja: as empresas funcionam mais ou menos como as repúblicas democráticas dizem funcionar. Votamos em prefeitos, governadores, presidentes, etc., e quando achamos que uma determinada equipe não está cuidando bem das coisas, votamos em seus adversários.

Mas no mundo corporativo norte-americano o bicho está pegando. Numa matéria no “NY Times” (http://nyti.ms/1102n32) James B. Stewart diz conhecer pelo menos 41 casos em que os diretores perderam direito ao cargo por ter recebido menos de 50% dos votos de confiança dos acionistas, mas que mesmo, assim continuam a exercê-los, baseados em firulas legais. Uma delas é o uso do chamado “sistema de pluralidade”, em que os diretores concorrem sem oposição e basta terem um voto para serem eleitos. Em outros casos, como na Iris International (empresa da área médica, na Califórnia) os acionistas rejeitaram todos os 9 diretores numa votação em maio de 2011. Os diretores renunciaram coletivamente aos seus cargos e ao mesmo tempo rejeitaram essa renúncia; e continuaram à frente da empresa.

Stewart dá nomes a muitas delas: Loral Space & Communications, Mentor Graphics, Boston Beer Company, Vornado Realty Trust, Chesapeake Energy, Oklahoma State University, Union Pacific… Em alguns casos os CEOs tiveram 70% de rejeição, mas os acionistas – teoricamente os donos da empresa – não conseguem mandá-los embora.

Filmes comentados aqui (Trabalho Interno, Margin Call), etc., mostram a ilimitada arrogância, ambição e desonestidade com que muitos indivíduos em cargos desse tipo afundaram a economia dos EUA, e por tabela a do mundo, no abismo em que estamos atualmente. (Acha que a crise passou, caro leitor? Pergunte aos seus netos daqui a uns tempos.) Quando alguém chega ao Poder, a primeira coisa que faz é mexer em estatutos, regimentos, etc. preparando uma brecha para se perpetuar legalmente no cargo. Os norte-americanos estão cada vez mais reféns de uma geração de Zumbis de Terno Armani, que sabem que serão a última geração de bilionários do planeta, e que por isso mesmo pretende fazer a banda tocar até este Titanic desaparecer no plâncton.