(ilustração: Moebius)
A civilização humanóide de Aldebarã-5 possui uma complexa civilização muito influenciada pelos colonizadores terrestres. Seu vocabulário exprime as características da natureza de seu planeta, e o seu modo de observar os fenômenos da psicologia e da cultura. Confiram os verbetes abaixo, recolhidos, meio ao acaso, do Pequeno Dicionário Interplanetário de Bolso.
“Birggyon”: a sensação de
incômodo moral que se experimenta diante do pedido de ajuda de uma pessoa
extremamente merecedora e necessitada, mas cujo pedido é materialmente
impossível de se atender.
“Carnitone”: exercícios de
alongamento, levantamento de pequenos pesos e movimentos repetitivos que
permitem, aos idosos, cair sem se machucar, apanhar objetos embaixo dos móveis,
etc.
“Sembra”: costume, nos
debates políticos, de ficar de pé no recinto e dar as costas ao orador, quando
não se concorda com o que ele diz.
“Garpanini”: superstição
que consiste, em momentos de impasse, conflito, expectativa, etc., em juntar
as iniciais dos nomes das pessoas num grupo qualquer, formar com elas uma palavra,
e a partir desta um acrônimo significativo.
“Tamps”: redes de tecido
elástico que de acordo com o peso da pessoa vão se distendendo e mudam de
altura em relação ao chão, e de colorido.
“Peonols”: casacos
recombinatórios, que podem ser adaptados para diferentes ocasiões sociais, com
diferentes conjuntos de golas, bolsos, mangas, etc., presos por velcros.
“Ballonys”: quadros que
vistos à distância exibem uma imagem, e vistos bem de pertinho mostram que esse
conjunto de luzes e sombras é formado por um caligrama escrito em letras muito
miudinhas, relativo à imagem.
“Oftet”: a situação do
sujeito que acaba de assumir um emprego novo, obedecendo ordens e tomando
decisões sem ter a menor idéia do que está fazendo.
“Ensfig”: o ato de abrir
um peixe cozido e extrair-lhe, sem o uso de facas ou outros instrumentos, a
espinha inteira de uma só vez, o que é considerado de bom augúrio e indica que
um pedido, a ser feito na hora e em silêncio, será atendido.
“Lupcal”: o hábito, quase
mania, de algumas pessoas que anotam com pontualidade e rigor todas as coisas
que fazem: copos dágua que beberam, quilômetros que andaram, livros que leram.
“Gomuss”: sucos de fruta
salgados, preparados com frutas excessivamente doces ao natural, que se dão de
beber aos doentes com pressão baixa.
“Noguái”: nome dado às trilhas
traçadas no chão do mato pelos pés dos caminhantes, para diferençar de
“nogandid”, as estradas pavimentadas ou de terra por onde passam veículos.
“Tussanj”: pequenas
canetas-tinteiro que usam tinta colorida vegetal e, ritualisticamente, só podem
ser usadas para escrever determinados tipos de texto (cartas, orações,
documentos oficiais, etc.).
“Carpambistan”: jogo de
salão em que peças coloridas são distribuídas, emborcadas sobre uma mesa, e
combinadas duas a duas, e depois descritas de forma metafórica pela pessoa que
as escolheu; cabe aos demais adivinhar quais são as duas peças assim descritas.
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