segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

0764) A maldição de Philip Klass (30.8.2005)



Faleceu nos EUA o jornalista Philip Klass (não deve ser confundido com o escritor Philip Klass, autor de obras de ficção científica sob o pseudônimo de William Tenn), que dedicou sua vida a questionar os ufologistas. Ele morreu aos 85 anos e era uma figura conhecida nos EUA, o tipo do cético que “bota terra” em todas as argumentações dos crédulos. Embora fosse impiedoso com as idéias, Klass era generoso com as pessoas. Costumava dizer que 90% das pessoas que avistavam OVNIs eram pessoas honestas e inteligentes que tinham visto algo que não sabia explicar (por serem leigas) e acabavam embarcando nas lendas sobre discos voadores e extraterrestres.

Klass foi o autor de um texto (muito divulgado) conhecido como “A Maldição”, onde diz: “A todos os ufólogos que me criticam em público, ou que pensam coisas ruins sobre mim em particular, eu deixo aqui consignada a Maldição dos OVNIS: Não importa quantos anos vocês vivam, vocês nunca chegarão a saber mais sobre OVNIs do que aquilo que sabem hoje. Nunca saberão, mais do que sabem hoje, sobre o que os OVNIs são ou de onde eles vêm. Nunca saberão nada, que não já saibam hoje, a respeito do que o Governo sabe sobre os OVNIs. No momento em que vocês estiverem deitados em seus leitos de morte, saberão sobre os OVNIs exatamente o mesmo que sabem agora; e lembrarão desta maldição”.

Parece uma coisa meio pesada, baixo-astral? Que nada, eu ouço essas palavras num tom brincalhão e zombeteiro. Dizer que nunca se virá a saber mais do que se sabe hoje é dizer que não há o que saber, não há o que descobrir, que tudo não passa de uma ilusão coletiva, uma lenda urbana. É claro que bastaria uma única prova irrefutável para invalidar a provocação de Klass, mas aqui pra nós, se em mais de 50 anos essa prova não apareceu, algo me diz que ela está mais longe do que perto.

Visionários sempre poderão relatar que foram abduzidos e levados para Marte ou para o planeta Vulcano; como não podem provar o que afirmam, é o mesmo que dizerem ter ido parar no Inferno de Dante ou no Reino do Vai-Não-Torna. Klass certamente se dirige àqueles ufólogos sinceros e de espírito científico que crêem na existência de uma verdade por trás daquilo tudo. Já conversei, durante o Encontro Para a Nova Consciência, com um ufólogo que pesquisa OVNIs há mais de quinze anos. “Já visse algum?”, perguntei. E ele: “Vi uma meia-dúzia de coisas que não sei explicar, mas não posso sair por aí dizendo que eram naves extra-terrestres. Era apenas uma coisa passando no céu e que eu não sabia o que era, ou seja: era um Objeto Voador Não-Identificado”. Pense num sujeito honesto! Mas ao mesmo tempo ele tinha uma certeza emocional de que existe algo de verdade por trás de toda esta história. Para mim, estes são os personagens verdadeiramente trágicos da Ufologia: os que são arrastados numa direção pela fé, e noutra pelo espírito científico. Para eles, a Maldição de Klass é fonte perpétua de insônia.

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