Eu me lembro de um brinquedo mecânico que tinha na Festa da
Mocidade: uma mesa cheia de bonequinhos ligados a fios elétricos, tocando e
dançando; minha mãe dizia que era o “candomblé”, e por muito tempo associei
essa palavra a brinquedos elétricos que se mexiam sozinhos.
Eu me lembro de Seu
Egídio, o enfermeiro, chamado Catabí porque tinha um problema físico e andava
todo balançando, e vinha na casa da gente aplicar injeção.
Eu me lembro dos
rosários de coquinhos enfiados numa linha, que minha mãe comprava na feira.
Eu me lembro dos chaveirinhos com imagens 3-D, que a
gente segurava e ficava mudando a posição, e a imagem parecia estar em
movimento.
Eu me lembro de quando fui sozinho ver a matinal de domingo no
Babilônia e me obrigaram a levar o guarda-chuva porque era um dia nublado, e eu
era a única pessoa com guarda-chuva no cinema inteiro.
Eu me lembro de uma
prova de História em que perguntaram o dia do descobrimento da América e eu me
atrapalhei e botei “24 de outubro”, que era o aniversário de meu pai, e a
professora nem percebeu, ganhei o ponto do quesito.
Eu me lembro dos meus relógios de pulso marca Lanco e
Fortissimo, e do despertador marca Westclox.
Eu me lembro de quando por trás da
“barra do quartel” no Estádio Presidente Vargas havia uma enorme placa de
Cinzano, e de vez em quando um atacante acertava uma bolada nela, que ficava
vários metros mais alta que a barra.
Eu
me lembro das calças de Nycron e da camisa Volta Ao Mundo, que eu tinha de usar
quando trabalhei como datilógrafo na FURNe, e detestava porque tinha a sensação
de estar usando roupas de plástico.
Eu me lembro quando depois do último capítulo de uma
novela na Rádio Borborema meu pai levou os atores para beber lá em casa e eu vi
pela primeira vez um roteiro datilografado.
Eu me lembro do casarão (que não
existe mais) na rua Vidal de Negreiros
onde estudei o 1º. ano primário no Colégio das Lurdinas, e que anos depois se
tornou a sede do Treze, servindo de concentração e de sala dos troféus.
Eu me lembro do Laboratório Químico que ganhei aos 9 anos, com tubos de ensaio, vidrinhos com substâncias e um livreto com instruções para experiências.
Eu me lembro de personagens de gibi como o Morcego Negro, Flecha Ligeira, Flecha Certeira, Pecos Bill, Cisco Kid, Rocky Lane, Águia Negra, Gabby Hayes, Nyoka.
Eu me lembro de quando um caminhão da Coca-Cola virou perto da casa de Chico Perácio e nessa noite o Alto Branco inteiro tomou Coca-Cola na janta.
Um comentário:
Adoro suas crônicas da série "Eu me lembro". Revivo minha infância nos interiores de Paraíba (Santa Rita), Piauí (Picos e Valença) e RN (Currais Novos).
Hoje aos 55 anos moro em Parnamirim na Grande Natal-RN.
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