Este romance de James Baldwin (o título original é Another
Country) foi lançado em 1962, ano em que Bob Dylan gravou seu primeiro disco
na Manhattan que Baldwin recria e recenseia. O livro de Baldwin é o retrato
tenso e desgastado, talvez chocante para a época, de relações variadas dentro
de um grupo de pessoas que se conhecem. Rapaz negro com moça branca e
vice-versa, homem com homem, pessoas casadas com amantes clandestinos. Tudo
isto no mesmo Greenwich Village onde a rapaziada da canção de protesto começava
a se juntar aos pesquisadores da folk song tradicional e do blues.
Numa Terra Estranha não tem blues, mas o personagem que
decola a história é Rufus Scott, um jovem baterista negro de jazz, com
problemas de auto-aceitação. Conhecemos todos os outros através da história
dele: sua irmã Ida, cantora; o escritor branco Vivaldo; outro escritor branco,
Richard, e sua esposa Cass; o casal gay (branco) Eric e Yves (que vivem na
França). Quase todos são artistas, mais ou menos liberais, todos são
problemáticos. Richard Silenski é um filho de migrantes que depois de muita
batalha publica um romance policial com grande expectativa; Vivaldo é mais
jovem, meio seu discípulo, e faz o papel do Escritor Liso Fumando na Mansarda.
O Village é o ambiente natural de Rufus, bem como os bares
de jazz na Rua 42 e do Harlem. É também onde mora Vivaldo, que a certa altura
passa a ser o foco principal da história. Um Village de fins dos anos 1950,
quando um casal interracial de mãos dadas andando na rua atraía os olhares e
gerava tensão. As pessoas dormem juntas, brigam, voltam, perseguem carreiras, fracassam,
fazem um sucesso que preferiam não ter feito, conversam e discutem o tempo
todo. Retorcem assuntos como quem seca roupa. Baldwin é um realista da velha
escola. Alguns capítulos são pequenos
contos de vida urbana, preciosos, que quase podem ser independentes do arco
narrativo maior.
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