A
entrevista no “Roda Viva” (TV Cultura) com os organizadores da Mídia Ninja
(Bruno Torturra) e Fora do Eixo (Pablo Capilé) veio depois da ida àquele programa
dos organizadores do Movimento Passe Livre, um dos responsáveis pelas
manifestações dos “20 Centavos” em junho. Eram jovens desconhecidos (eu pelo
menos não sabia direito quem eram) sabatinados por velhas raposas da imprensa,
que lhes pediram contas de seus atos com aquele ar meio paternal e meio
sobranceiro com que um bedel entediado interpela estudantes que flagrou reunidos
no banheiro, cochichando entre si, em atitude suspeita. “Bora, bora, o que
diabo vocês andam aprontando?”. Este,
aliás, seria um bom título para esses programas, em que jovens na faixa dos 30
anos explicam aos profissionais da informação o que está acontecendo no mundo.
Como disse Dylan: “Porque alguma coisa está acontecendo aqui, mas você não sabe
o que é, não é mesmo, Mr. Jones?”.
Alberto
Dines, no último bloco, evocou uma semelhança que a cada minuto me vinha à
mente, a semelhança dessa nova TV-de-Rua com a imprensa alternativa dos anos
1960-70. Quando O Pasquim surgiu eu tinha 19 anos e via os jornais comentando
com desdém aquele jornaleco que já começava esculhambando a si mesmo a partir
do nome. Comentários tipo: “Eles mesmos não sabem se é um jornal de humor, de
política, de cultura ou de mulher pelada”. Para a imprensa da época, as gírias,
os palavrões (inclusive os censurados, que davam origem a expressões saborosas
como “vai pra asterisca que asterisquiu!”), a bagunça gráfica, a salada
ideológica, tudo isso era uma afronta à grande imprensa da época, que era tão
penteadinha, barbeada e cheirando a loção quanto a de hoje.
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