O clichê é uma expressão que, quando foi usada pela primeira
vez, produziu nos leitores uma emoção poética instantânea. Pela associação de idéias que fazia, ou
talvez pelo seu modo de visualizar uma coisa de uma maneira original, mas
reconhecível. Quando um jornalista descreve um acidente de carro e se refere às
“ferragens retorcidas”, está usando um modo de dizer que em certo momento foi
novo, produziu um efeito visual novo, trouxe uma informação nova para o leitor.
O problema é que todo mundo começou a usar essa expressão; os jornais de 50
anos atrás estão cheios dela. O leitor, depois da décima vez, não está mais
recebendo qualquer informação nova. Aquilo virou um carimbo repetitivo, sem
novidade. E os redatores sem imaginação continuam recorrendo a ele, achando que
estão sendo literários, que estão sendo expressivos.
Qualquer frase pode se transformar num clichê. Muitas vezes
é um modo de dizer que foi popularizado pelo título de uma obra de muita
repercussão. Depois que Zuenir Ventura publicou seu ótimo livro-reportagem 1968: o Ano Que Não Terminou, surgiu uma infinidade de livros falando num dia
que não começou, numa semana que não acabou, etc. A expressão “a pergunta que
não quer calar” incorporou-se em poucos anos ao linguajar escrito da nossa imprensa
e às respostas de entrevistados, sempre que alguém quer introduzir uma questão
da maior importância, ou para a qual não se está dando a atenção devida. Um
clichê adjetivo que rapidamente se grudou ao nosso discurso coletivo foi a
expressão “de plantão” para caracterizar um grupo de pessoas que compartilham
uma atitude – daí falarmos o tempo
inteiro nos alarmistas de plantão, nos aproveitadores de plantão, nos críticos
de plantão.
Acho que foi a apresentadora e entrevistadora Leda Nagle
(que trabalhou muito tempo na Globo, e hoje está, acho, na Rede Brasil) quem
popularizou a expressão “com certeza”. Ela sempre se despedia ao fim dos
programas dizendo: “ E estaremos amanhã de volta. Com certeza.” Esse bordão foi
se repetindo e acabou virando sinônimo de “sim”. Hoje em dia, pergunta-se:
“Este é o seu novo CD?”, e o cantor responde: “Com certeza”. Toda vez que eu
digo isso, numa entrevista, dou o dia por perdido.
Um comentário:
Click Chê: “Há que endurecer-se, mas sem jamais perder a ternura”. A busca dessa expressão, entre aspas, foi realizada no Google: existem aproximadamente 14.100 resultados na noite de hoje, 12.07.2013.
Uma informação importante para alguém que tem um Coquetel Molotov e a sua frente um policial sem rosto, desses mesmos que cobram para proteger a comunidade dos traficantes que irão proteger a comunidade dos policiais.
Daí, ao clicar em Coquetel Molotov, entre aspas, na mesma noite de hoje, mostrou-me 466.000 resultados. Revelando... “Arco-íris já mudou de cor”... que a ternura é um clichê menos clicado.
Pra Veja: Che era um ditador, fedido, assassino frio e incompetente administrador que lançou Cuba em uma crise. A revista deixou de comentar sobre o bloqueio americano ao País Caribenho desde 1962, somam-se mais de 82 bilhões de acordo com relatório da ONU/2005, configurando-se quase um genocídio. ...”Veja você”...
Penso nisso, enquanto, eu observo alguns Drones batendo em revoada, junto com os pássaros e as borboletas em nome da liberdade, como ousam? Eles devem estar com a febre do ouro negro... “A gasolina vai subir de preço”...
Em meio a espionagens, às violações de privacidade de informação, nanotecnologias e desmandos de aterrissagem (Évoé!), aterrissam no meu canteiro de apartamento folhas secas de agosto, em pleno julho?
As folhas secas de agosto também realizaram espionagem e vieram me dizer o que vai ocorrer em agosto?... “é o começo do fim, ou é o fim”.
A informação qualificada é mais importante que um monte de informações como chuvões (a) que observo, da janela do meu computador, alimentando jovens com dores para fazerem como Margaret Thatcher Faria(s), mas veja é Vital lutar pela vida pra não ficar com gosto de sabão na boca.
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