Edgar Allan Poe publicou em 1837 seu primeiro livro, Tamerlane and other poems, assinando-se como “Um bostoniano”. Talvez uma
tentativa de sentir-se mais integrado à população de Boston, cidade onde nasceu
e com quem manteve uma relação de amor e ódio. Talvez por ter apenas 18 anos,
estar servindo ao Exército sob nome falso (“Edgar Perry”) e não querer chamar
atenção sobre si próprio. Sempre achei este episódio semelhante ao que ocorreu
com Manuel Antonio de Almeida, que publicou em 1852 as Memórias de um Sargento
de Milícias, assinando-se como “Um
brasileiro”. Por que? Já li num ensaio
ou prefácio que Almeida limitou-se, como jornalista, a escutar as histórias
narradas por um personagem real, e as transpôs para o livro sem muita
interferência.. Por isso sentia-se meio desconfortável em apresentar-se
publicamente como o inventor daquilo tudo, coisa que não era.
Folheando uma reedição recente do Frankenstein de Mary
Shelley vi uma reprodução da página de rosto da edição original de 1818, em
três volumes. O livro saiu sem menção ao
autor, o que só ocorreu da segunda edição em diante. Pelo fato de ser uma
mulher? Talvez, mas o livro era
prefaciado por Percy Shelley (marido da autora) e trazia uma dedicatória ao pai
dela, o filósofo William Godwin. Hoje em
dia, um livro que saia sem indicação do autor, mesmo um nome falso ou um
pseudônimo, é quase inimaginável. Livros anônimos são, às vezes, livros que
podem produzir reações polêmicas, como os Vestígios da História Natural da
Criação, que Robert Chambers publicou anonimamente em 1844, com uma teoria
cósmica da evolução.
Um comentário:
Artigo bem interessante!
É sempre bom aprender mais sobre literatura e escritores.
Eu, particularmente, adoro Edgar Allan Poe!
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