sábado, 24 de dezembro de 2011

2748) A religião Jedi (24.12.2011)




A cada ano que passa, cada vez mais gente, no mundo inteiro, afirma pertencer à religião dos Cavaleiros Jedi. Para quem não está ligando o nome à pessoa, os Cavaleiros Jedi são os personagens da série Star Wars de George Lucas: os mais famosos são Obi Wan Kenobi (interpretado por Alec Guiness) e o cavaleiro renegado e luciferiano Annakin Skywalker, que trai a confraria e se torna o nefasto Darth Vader.

Os Cavaleiros Jedi não têm uma crença sistematizada, com textos, mandamentos, sei lá que mais. Existe uma espécie de código geral de conduta meio Taoísta; mas sendo o mundo o que é e estando como está, não é impossível que já exista uma “Bíblia Jedi” por aí afora. A Wikipedia registra a existência de uma crença espontânea e difusa, mas nada que se assemelhe, pelo menos, às religiões evangélicas que proliferam aqui no Brasil. (Em breve teremos uma religião por habitante.)

Que me conste, ninguém ainda embolsou um tostão graças à religião Jedi, que surgiu como uma piada nos países de língua inglesa, com a mesma intenção satírica com que milhões de brasileiros votavam em “Raul Seixas” no tempo em que nos pediam para escrever na cédula o nome do candidato a presidente. Alguns britânicos o faziam por discordar da inclusão do quesito “religião” num censo. Vai daí que no censo de 2001 (ver http://bit.ly/1aDh9D) na Inglaterra e País de Gales a religião Jedi apareceu com 390.127 crentes, superando crenças como o Judaísmo e o Budismo. A questão tem sido discutida a sério no Parlamento britânico, onde se discutem penalidades contra o ódio religioso, etc., e em certos momentos é preciso definir oficialmente o que é uma religião.

Em todo caso, esse número vem sendo acompanhado por outros, menores mas expressivos, em outros países. No censo de 2001 (prestes a ter seus números superados, portanto) a Escócia tinha 14 mil Cavaleiros Jedi. No mesmo ano o Canadá registrou 21 mil, a Austrália 70 mil. A Nova Zelândia apresentou 53 mil Jedi, o que faz dela o país com maior densidade populacional (1,5 %) dos seguidores da Força, se bem que outro censo, feito em 2006, fez este número cair para 20 mil (o que parece corresponder ao número dos verdadeiros crentes – os outros devem ter se afirmado Jedi só para fazer piada).

O censo da República Tcheca, feito agora em 2011, revelou mais de 15 mil pessoas pertencentes à religião Jedi. Lá, o censo não fornece alternativas para múltipla escolha, e nomear a religião é uma iniciativa do entrevistado. Será interessante acompanhar os resultados dos próximos censos nos países europeus e acompanhar a criação do Mundo Simulacro, formatado para imitar a ficção.

2 comentários:

Maranganha disse...

O interessante é que o jedaísmo é única religião cujas origens sabemos e temos certeza ser uma simples fantasia, assim, seus seguidores não tratam o mito dessa religião como algo verdadeiro, mas como algo puramente metafísico, ou espiritual, ou, mais além, algo puramente pessoal.

Muitos jedaístas, após conceberem a filosofia jedi, o equilíbrio entre jedi e sith, os dois lados da força, e todos os ensinamentos dos cavaleiros, acabam sendo levados a práticas espirituais mais profundas. Eu conheci o Zen-Budismo, um amigo meu tornou-se um ateu cético praticante do estoicismo.

Assim, o jedaísmo está além de uma simples estatística, tornou-se tão somente um estilo de vida complementar, ou a chave de uma porta para uma espiritualidade maior. Digamos que é um dos poucos méritos positivos de Hollywood no mundo moderno.

Fica na paz,
Félix Maranganha.

Adelino P. Silva disse...

Braulio, por falar em censo, conheço muita gente que não foi recenseada aqui no Brasil. Ainda a propósito, é impressionante como o IBGE perde uma oportunidade tão grande de obter dados mais consistentes acerca da população brasileira. Pelo menos no meu caso, respondi a apenas umas três indagações, se tanto.
Abraços.
FELIZ NATAL. ÓTIMO ANO NOVO!